Painelistas encorajam atletas a colocarem o rendimento desportivo à frente do financeiro
Os seleccionadores nacionais de Judo e de Voleibol defendem motivação intrínseca dos atletas, uma auto-motivação própria, olhando para o sucesso desportivo que o próprio atleta deseja alcançar, porque, a partir do momento em que o atleta colocar motivações financeiras à frente, começará a colocar em questão todo planeamento e objectivos de trabalho e com impactos negativos nos resultados desportivos.
Segundo o Seleccionador Nacional-adjunto de Voleibol de Praia, Alexandre Pontel, trata-se de uma questão que não é da alçada do treinador, mas sim, administrativa, todavia, um factor externo, onde os treinadores acabam interferindo buscando motivação dos atletas.
“Como tirar motivação de alguém que está preocupado com prémios que não recebeu e já não está preocupado com os jogos e sua performance? É muito difícil”, reconheceu.
Entende o objectivo financeiro que os atletas buscam, mas alerta que não pode ser colocado como prioridade, porque pode afectar o prazer da prática desportiva.
O Seleccionador Nacional-adjunto do Judo, Adriano Cândido, embora reconheça que o pressuposto financeiro é primordial, avisa que a motivação aos atletas nunca pode ter como base a componente financeira, mas a conquista de títulos e o reconhecimento. “É preciso ter uma dimensão social e a responsabilidade da bandeira nacional que representamos e não a colocar em causa por causa do bem material”, disse.
Os seleccionadores nacionais falavam no decurso da 4ª sessão do debate académico promovido pelo Núcleo de Estudantes da Escola Superior de Ciências de Desporto (NEESCIDE), sob o tema “Desafios do Coaching de Atletas de uma Selecção Nacional, casos do Voleibol e Judo”.
Na abertura, o Director da ESCIDE, Paulo Gumende, alertou aos estudantes que o mercado de emprego está cada vez mais agressivo e que terão sucesso aqueles que, efectivamente, estiverem comprometidos com a causa do desporto e da actividade física e saúde, pelo que, os eventos organizados com envolvimento de estudantes visam dotá-los de capacidades, através do lema “fazendo e aprendendo”.
“O estudante da ESCIDE deve fazer a diferença, através da sua capacidade, habilidade e, sobretudo, atitudes no mercado de empregado”, frisou.
O Presidente do Núcleo justificou a realização do evento como forma de os estudantes poderem interagir com especialistas da área da formação desportivo, com vista a capacitar os futuros cientistas desportivos.