
Informe do Reitor: UEM reforça investigação e apresenta resultados robustos em 2024
A Universidade Eduardo Mondlane (UEM) reafirmou, esta Quarta-feira (10 de Julho), a centralidade da investigação científica na sua missão institucional, sublinhando que é nesse domínio onde se produzem novos saberes e se questionam os paradigmas existentes. Durante a apresentação do Informe Anual, realizada no Campus Principal, em Maputo, o Reitor, Prof. Doutor Manuel Guilherme Júnior, destacou os avanços alcançados em 2024, apontando a investigação como eixo estruturante das demais áreas – ensino, extensão, governação e cooperação.
De acordo com os dados apresentados, a UEM implementou, ao longo deste ano, 457 projectos de investigação, o que representa um aumento de cerca de 39% em relação ao ano anterior. Embora ainda abaixo dos níveis registados em 2022, este crescimento reflecte um esforço contínuo de revitalização da produção científica.
A análise por áreas revela uma forte concentração de projectos nas Ciências da Saúde (25%), seguida pelas Ciências Agrárias e Biológicas (21%) e Ciências Humanas (19%). Em contraste, as áreas de Ciências Sociais Aplicadas e de Linguística, Letras e Artes apresentaram contribuições mais modestas, com 7% e 2%, respectivamente.
Apesar de uma ligeira redução no número de docentes – que passou de 1.688 em 2023 para 1.643 em 2024 – o corpo académico demonstrou grande resiliência e produtividade. Prova disso é a publicação de 316 artigos científicos, ligeiramente acima dos 312 registados em 2022, além da edição de 33 livros científicos, 14 a mais do que no ano anterior.
A investigação foi ainda amplamente disseminada em mais de 50 eventos científicos, nacionais e internacionais, realizados em formato presencial, virtual e híbrido.
Simultaneamente, no eixo da extensão universitária, as actividades centraram-se maioritariamente na prestação de serviços e assistência técnica, que corresponderam a 46% do total. Seguiram-se as acções de responsabilidade social e elevação da consciência cívica (29%), o desenvolvimento comunitário e a transferência de tecnologia (18%) e, por fim, as actividades teórico-práticas (7%).
No domínio da governação, o Reitor evidenciou a realização de várias iniciativas relevantes, nomeadamente a sessão do Conselho de Directores Alargado (CDA-2024), a Reunião Anual da universidade e as visitas às unidades orgânicas por parte da equipa reitoral.
Entre outras acções destacam-se ainda a implementação do Sistema Africano de Transferência de Créditos Académicos (SATCA), a aprovação de regulamentos institucionais, como o da Escola de Comunicação e Artes (ECA), e a promoção de 14 palestras de sensibilização sobre prevenção e combate ao assédio sexual.
A digitalização de processos administrativos também mereceu destaque, com a interoperabilidade entre o sistema de exames de admissão e o módulo de gestão de bolsas de estudos.
No plano da cooperação, a UEM celebrou diversos acordos estratégicos com instituições nacionais e internacionais. Dentre eles, sobressaem os protocolos com o Instituto Camões, o City Lodge Hotels Group e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), este último focado na criação de uma plataforma digital para apoiar o Conselho Constitucional na verificação da legalidade dos apoiantes dos candidatos às eleições gerais de Outubro. Particularmente ambicioso é o memorando assinado com o Instituto Nacional das Comunicações, que visa a criação da primeira Agência Espacial de Moçambique – um projecto inovador que exigirá quadros altamente qualificados, especialmente em astrofísica e tecnologias de satélite.
A nível infraestrutural, a Universidade deu passos importantes ao inaugurar, após longo período de espera, o edifício da Faculdade de Ciência; igualmente, a Universidade elaborou projectos para a reabilitação e ampliação das instalações da Estação de Biologia Marinha da Inhaca, além de preparar termos de referência para a construção de laboratórios de uso multidisciplinar. Igualmente relevante, foi o planeamento de redes técnicas (água, energia, saneamento e fibra óptica) e a concepção de um novo arranjo urbanístico, nas imediações da Biblioteca Central Brazão Mazula.
Graças a este dinamismo, a UEM consolidou o seu posicionamento no continente africano, figurando entre as 32 melhores universidades de África, de acordo com o ranking EduRank 2024. A avaliação teve em conta mais de 29 tópicos de investigação, nos quais a UEM obteve resultados superiores a 50%.
Olhando para o futuro, a Universidade compromete-se a continuar o processo de auto-avaliação e acreditação dos seus cursos, a ajustar os currículos da graduação e pós-graduação e a expandir a oferta de cursos à distância, mediante investimentos em infraestrutura e capacitação docente. Pretende ainda acelerar a instalação de laboratórios temáticos partilhados e reforçar a cooperação internacional para fomentar a mobilidade académica e científica. Paralelamente, a diversificação das fontes de financiamento surge como prioridade para garantir a sustentabilidade da instituição.
A apresentação do Informe Anual foi acompanhada pela comunidade universitária e por parceiros institucionais, num momento que reafirmou o compromisso da UEM com a excelência académica, a relevância social e a inovação científica.