
Serviços de extensão insuficientes para atender à demanda de produtores rurais
Em Moçambique, os serviços de extensão continuam a ser a principal via de acesso dos pequenos agricultores às técnicas agrícolas modernas. Estes serviços desempenham um papel crucial ao fornecer capacitação sobre gestão de pragas e doenças, boas práticas de manuseamento pós-colheita e estratégias de acesso ao mercado. No entanto, apesar da sua importância, a cobertura destes serviços ainda é insuficiente para atender à demanda crescente dos produtores rurais.
De acordo com dados recentes, apenas 7,6% dos agregados familiares agrícolas no país relataram ter recebido visitas de técnicos de extensão, evidenciando uma disparidade preocupante no acesso a esse suporte essencial.
A pesquisa sobre “Acesso a Técnicas Agrícolas Modernas” revela uma grande variação na cobertura dos serviços de extensão entre as províncias. Sofala lidera o ranking, com 17,7% dos agricultores beneficiados, seguida por Tete, com 11,1%. Por outro lado, a província da Zambézia apresenta os piores indicadores, com apenas 4% dos produtores recebendo assistência técnica.
Considerando o elevado potencial agrícola da Zambézia, esta baixa cobertura indica um problema na alocação dos investimentos destinados à modernização da agricultura. A falta de assistência técnica compromete não apenas a produtividade local, mas também a segurança alimentar e o crescimento económico da região.
O estudo, desenvolvido pelo Centro de Estudos de Economia e Gestão da Faculdade de Economia conclui que os agricultores moçambicanos enfrentam uma multiplicidade de constrangimentos que não podem ser alterados, grosso modo, entre climáticos, geográficos e geológicos, e alguns que podem ser afectados pelas políticas ao longo do tempo, chamados constrangimentos brandos, designadamente infraestruturas e acesso a tecnologias, e ainda os constrangimentos ligeiros, que inclui o acesso aos pesticidas, fertilizantes, entre outros.