II Edição do Seminário da Comunicação: Digitalização vista como novo paradigma industrial do processo produtivo
O orador principal da II Edição do Seminário da Comunicação, César Balano, aponta para a digitalização como um elemento central na constituição do modo de regulação da economia.
Para o especialista em economia política da Comunicação, actualmente, a digitalização apresenta-se como um paradigma industrial novo, em torno do qual todo processo produtivo se restrutura. “O desenvolvimento da telemática, da economia das redes e da inteligência artificial é fruto do que chamo de terceira revolução industrial, um movimento que abre possibilidade de uma automação que não estava presente no processo anterior”, assegurou.
César Balano explicou que, com a digitalização, o modo de produção tornou-se fortemente informático e comunicacional, o que faz com que a comunicação e a informação assumam um papel fundamental nos processos produtivos da reestruturação da economia mundial.
“Isto ocorre a partir do desenvolvimento de tendências tecnológicas que, anteriormente, eram negligenciadas. Desde o período da Guerra Fria, é notório o desenvolvimento da microelectrónica, da cibernética, a informatização geral da sociedade e o desenvolvimento geral da comunicação e informação. Hoje, o que não estiver digitalizado não interessa principalmente aos economistas que estão neste momento centrados nesta área”, disse.
O docente da Universidade Federal do Sergipe, Brasil, falava esta Segunda-feira, no Campus Principal, durante a palestra inaugural da II Edição do Seminário da Comunicação, com o tema: “A transição do sistema global de cultura: da velha Industria Cultural à economia da internet e das redes e plataformas digitais na perspectiva da Economia Política da Comunicação.”
Na ocasião, o Reitor da UEM, Prof. Doutor Manuel Guilherme Júnior, afirmou que as redes e plataformas digitais alteraram profundamente a estrutura da comunicação global. “A indústria cultural tradicional, que durante décadas dominou a produção de conteúdo, viu-se desafiada pela ascensão de uma economia digital baseada em redes, onde o fluxo de informações é constante, interactivo e muitas vezes descentralizado.”
Na óptica do Reitor, actualmente, os novos media e as plataformas digitais são protagonistas na gestão do conhecimento, na economia da atenção, e na construção de narrativas. “Contudo, com essa crescente importância, surge também uma responsabilidade ampliada. As instituições, sejam públicas ou privadas, devem não apenas se adaptar às novas ferramentas, mas também reflectir sobre como essas ferramentas influenciam o comportamento social, as políticas de comunicação e as relações de poder”, alertou.
No concernente aos objectivos do seminário, o Reitor referiu que o evento constitui uma plataforma para que académicos e profissionais possam compartilhar experiências, discutir boas práticas e propor estratégias inovadoras que ajudem as instituições a prosperar nesta era de transformação digital.
“Os especialistas em comunicação, aqui presentes, desempenham um papel central na adaptação dessas novas tecnologias à nossa realidade. As instituições públicas têm o desafio de se tornarem mais transparentes, eficazes e acessíveis às populações, por meio das ferramentas digitais.”