UEM acolhe lançamento do 17º Congresso da PANAF
A Universidade Eduardo Mondlane acolheu, esta Quinta-feira, o lançamento do 17º Congresso da Associação Pan-Africana de Arqueologia para a Pré-História e Estudos Relacionados (PANAF), uma iniciativa que abriu espaço para a reflexão sobre aspectos que contribuem para o desenvolvimento da arqueologia africana.
O evento que juntou, para além de estudantes e docentes, pré-historiadores, paleontólogos e geólogos de vários países africanos, serviu igualmente para providenciar um fórum de troca de conhecimento e informações sobre a preservação e gestão do património arqueológico.
Na abertura do evento, a Vice-Reitora Académica, Profª. Doutora Amália Uamusse, afirmou que Moçambique é o primeiro país africano de expressão portuguesa a organizar o Congresso da PANAF, abrindo as possibilidades de adesão e participação de um maior número de africanos e o alargamento da agenda científica de pesquisas arqueológicas.
“A indicação do nosso país teve como factores determinantes o facto de estar a ocorrerem importantes projectos de investigação arqueológica, assim como de preservação e gestão do património, que contam com o apoio de parceiros nacionais e internacionais, cujo número cresce continuamente, o que é um estímulo para a continuação desta caminhada”, disse.
Referiu que, ciente da importância que o património arqueológico tem, a UEM iniciou o curso de Arqueologia e Gestão do Património Cultural, em 2011, e abriu um Museu capaz de reunir colecções representativas sobre a pré-história do país, embora se encontre, neste momento, encerrado ao público, devido ao seu estado de degradação.
“Foi, por isso, com grande satisfação que a UEM recebeu a notícia da vontade manifestada por parceiros da Universidade de Cambridge, que se prontificaram a dar o seu apoio para a manutenção extraordinária do edifício, reserva de colecções tão importantes. Contamos, também, com o apoio de Universidades Portuguesas que, por diversas formas, têm estado a dar um contributo para a gestão das colecções arqueológicas”, destacou.
Por sua vez, o Director da Faculdade de Letras e Ciências Sociais (FLCS), Prof. Doutor Samuel Quive, disse que o evento de lançamento do 17º Congresso, que se enquadra nas celebrações do Dia do Património Mundial Africano, mistura-se entre a academia, política e sociedade, reiterando que o património cultural africano é algo que une pessoas e sociedades.
“Este evento desperta o interesse de jovens e estudantes da necessidade de não só celebrarem a data, mas também contribuírem para a preservação do património. Este Congresso, para nós como FLCS, vem materializar também a nossa actividade principal inerente à promoção da investigação, daí que estudantes e docentes devem ver este evento como uma oportunidade para apresentarem as suas pesquisas nesta área de conhecimento”.
No mesmo contexto, a Secretária Geral da Comissão Nacional para a UNESCO, Élia Bila, referiu que o país é hospedeiro de patrimónios culturais mundiais da humanidade, facto que requer responsabilidades acrescidas no seu relacionamento com a UNESCO.
“Estão previstas obrigações legais para o seu cumprimento por parte dos Estados membros, com destaque para, entre várias acções, a tomada de medidas internas com vista a assegurar a identificação, protecção, conservação, valorização e transmissão às gerações futuras, do valor deste património, através de mobilização de recursos disponíveis e, sempre que necessário, mediante a assistência da cooperação internacional”.
O representante do Fundo Mundial do Património Africano, Doutor Albino Jopela, felicitou a Universidade Eduardo Mondlane por acolher o Congresso, explicando que irá trazer debates sobre aspectos ligados à arqueologia, importantes para estudiosos e investigadores moçambicanos.
“Reconhecer o trabalho desenvolvido pelo Parque Ecológico de Chonguene, uma iniciativa inovadora, não só se olharmos para a academia nos PALOPs, como também para todo o continente africano, tendo em conta que dá ênfase ao papel do património na agenda do desenvolvimento das comunidades e das sociedades em geral”.
O 17º Congresso da Associação Pan-Africana de Arqueologia será realizado em 2026, um evento que ocorre num intervalo de quatro anos, juntando especialistas da área, para troca de conhecimentos e colaboração intra-africana.