Houve crescimento exponencial do custo da cesta básica em Moçambique
O valor da cesta básica, em Moçambique, passou de 3.853 Meticais, em 2000, para 24.026 Meticais, em 2020, indica um estudo intitulado “Evolução do Bem-estar e do Custo da Cesta Básica em Moçambique (2000 a 2020)”, publicado pelo Centro de Estudos de Economia e Gestão (CEEG) da Faculdade de Economia da UEM.
Segundo a pesquisa, o crescimento do custo da cesta básica teve o seu pico entre 2015-2016, na sequência da degradação das condições macroeconómicas ao nível interno, incluindo a queda dos preços das matérias-primas comercializadas por Moçambique no mercado internacional.
Durante o mesmo período, o volume do investimento directo estrangeiro caiu para pouco mais que a metade do valor mais alto atingido em 2013.
Os ajustamentos do salário mínimo que se seguiram foram insuficientes para repor a capacidade aquisitiva que as famílias tinham acumulado entre 2010 e 2014. Em termos agregados, a pesquisa indica que a cesta básica custa cinco vezes mais que o preço mínimo pago pelas empresas e organizações aos serviços prestados pelos seus colaboradores. Isto significa que, numa família de cinco pessoas, a soma do salário de um casal que recebe o salário mínimo cobre menos de metade das suas necessidades básicas. Durante o período em análise, o valor da cesta básica teve o seu comportamento determinado por flutuações recorrentes nos seus principais componentes, nomeadamente no preço do açúcar amarelo, óleo, amendoim, arroz e farinha de milho.
“A remoção dos subsídios a alguns produtos seleccionados, incluindo o transporte e o pão, agravou a cesta básica, entre 2016-2017. O preço da farinha de milho aumentou em 60,0%. O preço do pão subiu em 30,0% e o preço do açúcar amarelo aumentou em mais de 50,0%. O amendoim teve a subida de preço mais alta durante o mesmo período”, frisou.
O estudo refere ainda que cerca de 78,4% dos agregados familiares, cobertos por este relatório, declarou ter tido preocupação de não ter comida por falta de dinheiro ou outros meios nos 12 meses anteriores à entrevista. As percentagens mais altas verificam-se nas zonas rurais. Em termos provinciais, Sofala, Cabo Delgado e Nampula e Inhambane exibem percentagens acima da média nacional de pessoas que tiveram preocupação de não ter comida nos 12 meses que antecederam a sua participação nas entrevistas para o Inquérito de Orçamento Familiar 2019/2020.
O estudo que temos vindo a citar conclui que a maioria dos agregados familiares em Moçambique não faz todas as refeições, por falta de dinheiro ou outros bens. A média nacional, neste caso, é de 70,0%, sendo mais alta em Sofala. As províncias de Nampula, Manica e Cabo Delgado têm a maior percentagem de pessoas que reportaram ter ficado pelo menos um dia inteiro sem refeição, 37,9%, 32,9%, 31,7%, respectivamente. A percentagem nacional de agregados familiares que afirmaram não terem tido refeições, em pelo menos um dia inteiro, é de 28.2%, sendo a percentagem do meio urbano de 24,0% e do rural, 30,0%. Maputo cidade apresenta uma percentagem de cerca de 22,0%, valor que se encontra acima de todas as províncias da região sul de Moçambique.