“Graduados levam até 18 meses para conseguirem o primeiro emprego”, indica pesquisa
Graduados, em Moçambique, levam cerca de 18 meses até encontrarem o primeiro emprego após a formação universitária, indica uma pesquisa intitulada “Determinantes da transição da escola para o trabalho e suas dinâmicas de género”, desenvolvida pelo académico Ivan Manhique e apresentada durante o seminário promovido pelo Centro de Estudos de Economia e Gestão da Faculdade de Economia (CEEG), no âmbito do projecto “Crescimento Inclusivo”.
A pesquisa refere que diversas estratégias são usadas para o alcance do primeiro emprego, sendo a mais eficaz o uso de meios informais como amigos, familiares e professores, como também o contacto directo com os empregadores, que se mostrou relativamente eficaz.
Apesar de os entrevistados no âmbito da pesquisa terem preferido recorrer, em primeira instância, aos meios formais tais como estágios e centros de emprego, estes meios mostraram-se ineficazes, comparativamente aos meios informais.
O pesquisador constata que um graduado proveniente de uma família bem estabelecida tem muitas facilidades de conseguir emprego, se comparado com um graduado cujos pais não têm muitas possibilidades. “Um finalista cujo pai é gestor de uma empresa possui uma rede de contactos com outros gestores de outras organizações que facilitam o emprego ao filho, é uma realidade moçambicana”, frisou.
A pesquisa também mostrou que as mulheres têm probabilidades de 10 a 15 por cento mais baixas de conseguir o primeiro emprego após a formação universitária em relação aos homens. Este dado é justificado pelo factor que se chama descriminação no mercado de trabalho, ou seja, os empregadores ainda preferem homens na hora de contratar.
Segundo o pesquisador, persistem estereótipos sobre qual seria a produtividade tendo uma mulher como parte da mão-de-obra na organização. As normas sociais relativas ao papel que é assumido pela mulher na sociedade continuam, a pesar na contratação de uma mulher para o primeiro emprego.
O pesquisador fez saber que a idade média em que um estudante termina a licenciatura ronda os 24 anos, uma faixa etária considerada fértil e em que muitas mulheres estão propensas a engravidar e tal implica licença de maternidade para o empregador. “E isso significa o patrão estar a pagar alguém que não está a trabalhar, aí muitos preferem homens”, disse.
A pesquisa conclui que a transição ensino-emprego não é um processo suave, em especial para os países em vias de desenvolvimento como Moçambique.
A pesquisa incluiu 6 das maiores instituições de ensino superior nas províncias de Maputo e Sofala, e a amostra do estudo incluiu apenas indivíduos observados até uma transição para o emprego.