“Ajudei a criar a memória institucional da UEM”
– Alberto Tomás, Operador de Câmera reformado
Trazemos esta semana um homem da casa, Alberto Tomás, exímio operador de câmera que, nos últimos 14 anos, registou a história da maior e mais antiga instituição de ensino superior no país. Natural da província da Zambézia, trabalhou durante 23 anos na Faculdade de Medicina, antes de se juntar à equipa do Centro de Comunicação e Marketing (CECOMA), em 2009.
Aos 61 anos, Beto, como carinhosamente é chamado no seu círculo mais próximo, vai a reforma após cumprir mais de 35 anos de trabalho dedicados à causa da Instituição.
Na hora de saída, Alberto Tomás vai com o sentido de missão cumprida. Além de apoiar na criação do acervo fotográfico de investigação na Faculdade de Medicina, contribuiu para a criação dos primeiros registos em vídeo feitos pelo CECOMA.
Como repórter de imagem, esteve à frente dos principais acontecimentos da instituição. Ajudou a criar a memória institucional, deixou um legado e formou uma geração que continuará a registar a história da Universidade.
Quando e como é que ingressa para UEM?
Eu entrei para UEM, em 1988, via concurso público, primeiramente afecto à Faculdade de Medicina, entretanto, em 1989, um ano depois, fui convocado ao serviço militar obrigatório e fui desintegrado da vida militar em 1992. Retornei à UEM e tive o privilégio de ser submetido a um curso básico de fotografia no Centro de Formação Fotográfica e continuei a trabalhar, auxiliando o processo de investigação. Lembro-me de ter trabalhado com o Doutor Branco Neves, da Anatomia Humana e o Dr. Muchanga, actual Director Provincial de Saúde, em Gaza.
Fiquei 23 anos na Faculdade de Medicina, fiz muitas amizades e foi muito bom. Devo dizer que fui homenageado, o Director Sidat reconheceu o meu trabalho.
E como é que chega ao Centro de Comunicação e Marketing?
Eu chego ao CECOMA, em 2009, a convite do dr. Bacar, então Director do CECOMA, para reforçar o quadro do pessoal. Nessa altura, tive o privilégio de fazer estágio na TVM, durante 6 meses como camera man e pude aumentar as minhas qualidades profissionais.
Saiu da Faculdade de Medicina como fotógrafo e, no CECOMA, se assume como operador da câmara de filmar. Como foi a sua primeira interação com a filmagem?
Não há grandes diferenças entre filmar e fotografar. O importante da filmagem é foco e enquadramento enquanto na fotografia é preciso dominar a profundidade de campo. Mas devo reconhecer que tive dificuldades, contudo, o estágio na TVM permitiu sanar todas as barreiras.
Era um camera man para toda a Universidade, como conseguia gerir a demanda?
Foi um grande desafio. Tínhamos que gerir, às vezes, muitos eventos ao mesmo tempo, entre memorandos, seminários e trabalhos de investigação e extensão. Era uma luta, há dias que nem era possível almoçar. Se hoje o CECOMA é aquilo que é, graças a esses esforços e trabalho duro que tivemos que realizar.
Sente que deixou legado no CECOMA?
Claro! O meu trabalho está todo ele visível em todos os produtos audiovisuais que produzimos ao longo destes anos. Estou muito feliz pelo trabalho que desenvolvi.
E, ao longo dos anos em que trabalhou no CECOMA, também voltou a estudar. Como conseguia conciliar trabalho e estudos?
Percebi que apenas trabalhar não iria mudar muita coisa na minha vida. Por isso, voltei a estudar até concluir a licenciatura. Foi muita luta, muita força de vontade e também contei com ajuda e compreensão dos colegas. Lembro-me que houve momentos em que tive que sacrificar a escola para fazer trabalhos fora da cidade. As vezes trabalhava no campo ou nas escolas localizadas fora da cidade de Maputo. Precisava de fazer esse sacrifício porque também tinha objectivos pessoais por alcançar. Fiquei muito satisfeito quando conclui a licenciatura. Foi uma grande vitória.
Que avaliação faz do CECOMA que encontrou, em 2009, e este que deixa agora. Houve mudanças significativas?
Houve grandes avanços. Quando eu entrei não havia câmera de filmar e nem produzíamos conteúdos audiovisuais. Tínhamos que implementar muitas actividades. Primeiramente, escrevíamos apenas para o site principal e Boletim Informativo da UEM. Mas, ao longo do tempo, foram surgindo muitos conteúdos, principalmente vídeos que requeriam imagens e fui aprimorando a técnica de filmar para conferir mais qualidade e criatividade aos nossos conteúdos.
Como é que vês o futuro do Centro de Comunicação e Marketing?
Vejo o futuro do CECOMA com grande optimismo. Tem quadros qualificados. O mais importante é continuar a investir na aquisição de equipamento. Penso que, também, é tempo de trabalharmos para uma televisão, sei que já existem esforços nesse sentido. De facto, tendo em conta o prestígio da UEM, uma televisão faria grande diferença.