Moçambique regista melhorias nos indicadores de pobreza multidimensional
O investigador do Centro de Estudos de Economia e Gestão da Faculdade de Economia da UEM (CEEG), Dr. Ricardo Santos, afirmou há dias, em Maputo, que a pobreza multidimensional tem estado a reduzir em Moçambique, particularmente de forma significativa nas regiões urbanas.
A pobreza multidimensional refere-se à avaliação usando seis indicadores a nível de agregado familiar no que toca ao acesso ao ensino primário básico, acesso às fontes de água segura, acesso ao saneamento, cobertura da casa com material convencional, acesso à electricidade e posse de bens duráveis de uso comum.
A pesquisa intitulada “Pobreza e bem-estar multidimensional em Moçambique” mostra que houve uma redução geral do nível de privação ao longo do período entre 1997 e 2015. Contudo, existe uma diferença no ritmo de redução entre os indicadores analisados, porque, segundo a pesquisa, o acesso à educação distancia-se entre os indicadores com mais rápida melhoria, seguido do acesso à água potável.
“Ao mesmo tempo, uma grande parte da população moçambicana continua privada nos indicadores referentes às condições habitacionais, tais como no acesso ao saneamento seguro, à electricidade e aos bens duráveis, sobretudo nas zonas rurais’’, disse.
A nível nacional a proporção da população moçambicana privada em todos os seis indicadores caiu de 47 por cento, em 1996, para 14 por cento, em 2015, ao mesmo tempo que a percentagem de indivíduos não privados em nenhum indicador subiu de 2 por cento para 16 por cento no mesmo período.
O investigador nota que, apesar dos avanços, persistem diferenças muito grandes entre as áreas urbanas e as rurais, o que tende a reforçar a ideia de um crescimento desequilibrado, com destaque para as províncias do centro e norte, nomeadamente Niassa, Cabo Delgado, Nampula, Zambézia e Tete.
Assim, Ricardo Santos recomenda políticas de investimento e provisão de serviços públicos focados nas dimensões em que se verificam maiores privações, tornando-se cada vez mais imprescindíveis, tanto na perspectiva do bem-estar como na perspectiva da economia política.
Outrossim, o fornecimento de serviços sociais e públicos, especialmente aqueles ligados a saúde e educação são uma prioridade.
O investigador conclui que alcançar um crescimento inclusivo é o desafio central que Moçambique vai enfrentar no seu desenvolvimento económico e social nas próximas décadas.
O Dr. Ricardo Santos falava à margem do evento “Crescimento Inclusivo em Moçambique”, organizado pela Faculdade de Economia da UEM, Universidade de Copenhaga e o Ministério da Economia e Finanças.