Investigador apela a mais estudos sobre mudanças climáticas
O investigador da UEM, Professor Doutor António Hoguane, defendeu a necessidade de se aprofundar os conhecimentos relacionados com as mudanças climáticas, explicando que um estudo mais aprofundado permitirá uma maior compreensão do impacto deste fenómeno nos ecossistemas e na dinâmica dos recursos naturais e, consequentemente, adopção de medidas de mitigação mais arrojadas.
O pesquisador falava recentemente, durante uma oração de sapiência com o tema “Ciência e tecnologia para o uso e aproveitamento sustentável do mar e seus recursos, com o lema: Década do Oceano – A ciência que fazemos para o oceano que queremos”, por ocasião de abertura do ano académico na UEM.
Explicou que os estudos sobre mudanças climáticas devem incluir, entre outras questões relevantes, a compreensão da adaptabilidade dos organismos marinhos e dos ecossistemas marinhos às variações climáticas, compreensão do efeito do aquecimento global na acidificação e branqueamento de corais, bem como a avaliação da segurança alimentar e a resiliência dos ecossistemas marinhos às alterações climáticas, o que se enquadra na adaptação.
˝A costa e o mar de Moçambique albergam uma diversidade incrível e ambientes costeiros ricos. As características geológicas, as correntes oceánicas e o clima, são as principais características que fazem com que os diferentes locais da costa apresentem sistemas tão diversos como zonas húmidas, mangais, recifes de coral, lagoas costeiras, rios, dunas costeiras e praias arenosas. Estes ecossistemas e habitats sustentam uma biodiversidade valiosa e endémica e têm um grande valor ecológico e económico intrínseco˝, descreveu.
Afirmou que, embora os ecossistemas marinhos e costeiros em Moçambique estejam relativamente bem preservados em comparação com outros países da região, provavelmente devido ao facto de o país ser menos desenvolvido, existe, no entanto, um elevado potencial de degradação, dada a pressão crescente e o desenvolvimento acelerado.
˝Os ecossistemas localizados próximos das cidades e aldeias densamente povoadas, estão seriamente degradados, enquanto aqueles que se encontram em áreas menos densamente povoadas estão ligeiramente menos degradados ou em condições imaculadas. Um dos principais constrangimentos para garantir a utilização sustentável dos ecossistemas e habitats marinhos e costeiros é a falta de compreensão da estrutura e do funcionamento dos ecossistemas˝.
O investigador alertou que, muitas vezes, não se compreende completamente como funciona a maioria dos ecossistemas, quais são os factores controladores, como cada factor interveniente contribui para o sistema, nem como os diferentes factores estão inter-relacionados entre si.
˝Por outro lado, os serviços ecossistémicos, incluindo os benefícios intangíveis, devem ser valorizados e avaliados de forma adequada, para concretizar plenamente a gestão baseada nos ecossistemas. Estudos específicos devem incluir os seguintes temas, entre outros, compreender as relações organismo-habitat, aproveitamento do valor da riqueza do ecossistema e da biodiversidade marinha˝.
Resumindo a aula de sapiência, o palestrante referiu que oceano é importante para a existência da vida e dos ecossistemas no planeta e para o sustento de muitas pessoas e economia de muitos países costeiros e que precisamos de conhecimento e tecnologias para garantir o uso sustentável do mar e de seus recursos.
Por seu turno, o Reitor da UEM, Prof. Doutor Manuel Guilherme Júnior, afirmou que as universidades têm um papel crucial na conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos, com vista a promover um desenvolvimento sustentável de Moçambique.
Reconheceu a importância ambiental social e económica dos oceanos, explicando que, a UEM, tem apostado na investigação de qualidade, visando o melhor entendimento dos processos socio-ecológicos associados aos mares e, assim, contribuir para uma gestão sustentável dos mesmos.