Professor António Hoguane propõe infraestruturas sustentáveis e uso de tecnologia
O investigador da UEM e Director Geral do Instituto Oceanográfico de Moçambique, Professor Catedrático António Mubango Hoguane, defendeu a criação de infra-estruturas marítimas e portuárias sustentáveis, bem como o uso da tecnologia como medidas fundamentais para garantir a proteção costeira e, consequentemente, o aumento de competitividade dos portos no mercado internacional.
O pesquisador falava esta Sexta-feira, em Maputo, numa oração de sapiência com o tema “Ciência e tecnologia para o uso e aproveitamento sustentável do mar e seus recursos”.
Explicou que os portos são os principais pontos de conexão entre o transporte marítimo e terrestre, proporcionando o movimento eficiente de carga e facilitando o comércio internacional.
“Além disso, as infra-estruturas portuárias também são cruciais para a segurança marítima, proteção costeira e desenvolvimento sustentável das regiões costeiras. Tem-se verificado o aumento significativo da demanda dos serviços portuários. Com este crescimento, é natural que as infraestruturas portuárias enfrentem desafios, dentre eles, a capacidade limitada dos portos com o aumento do volume de cargas e custos adicionais para os transportadores e importadores, o que pode resultar na redução da competitividade dos portos nos mercados internacionais”, disse.
Hoguane reiterou que, para enfrentar os desafios mencionados, é essencial explorar e analisar profundamente a necessidade das demandas actuais referentes às obras de infraestruturas marítimas e portuárias que desempenham um papel fundamental no desenvolvimento económico e no funcionamento das actividades comerciais.
“Isso envolve a avaliação cuidadosa dos seguintes aspectos: capacidade e eficiência das infra-estruturas, sustentabilidade e resiliência das estruturas, conectividade e integração, visando garantir a inserção de infraestruturas no país e na região, segurança e proteção, o que inclui a prevenção e controlo das actividades ilícitas e promoção de medidas eficazes da proteção costeira”, explicou.
A adopção de tecnologias, automação e uso de energias renováveis são outras medidas fundamentais que, segundo o investigador, podem garantir operações marítimas eficientes e seguras.
Na ocasião, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Prof. Doutor Daniel Nivagara, disse que o lema da palestra conduz a uma reflexão conjunta sobre que caminhos a nossa academia vem percorrendo nesta matéria relativa à gestão sustentável dos recursos naturais, particularmente os recursos dos oceanos.
˝Reiteramos a exortação para que as instituições de ensino superior, tanto públicas quanto privadas tenham uma intervenção social mais activa e relevante, colocando o conhecimento científico, a Inovação e a Transferência de Tecnologias ao serviço das nossas comunidades˝.
Aos estudantes, o Ministro apelou que tivessem maior responsabilidade em honrar a oportunidade de estudar na UEM, alertando para a necessidade de se formarem em tempo útil e com brio, adquirindo competências técnico-científicas e habilidades para a vida, bem como aprimorando os nobres valores de cidadania, patriotismo, cultura de trabalho e unidade nacional.
˝Assim, no decurso da vossa formação, gostaríamos de exortá-los a investirem e apostarem, igualmente, em todo tipo de orientação sobre como tornar rentáveis potenciais iniciativas inovadoras e empreendedoras e que, a partir dessas iniciativas, possam gerar auto-sustentabilidade e, possivelmente, gerar emprego para terceiros˝, recomendou.
Por sua vez, o Reitor da UEM, Prof. Doutor Manuel Guilherme Júnior, afirmou que a ciência oceânica tem importância crescente, uma vez que gera, entre outros ganhos, o bem-estar para humanidade, armazenando carbono, produzindo oxigénio, estabilizando o clima e fornecendo recursos alimentares, minerais, energéticos, recreativos e culturais.
“Como se sabe, com cerca de 2.700 km de extensão de costa, Moçambique é considerado um país costeiro, onde quase 80% da população reside nas províncias costeiras. Alinhada às actividades em curso a nível internacional, a Universidade é chamada a promover actividades para o alcance do resultado da Década do Oceano, proporcionando maior engajamento e parcerias entre investigadores, sector produtivo e sociedade civil”, disse.
Destacou que a UEM está apostada em contribuir para o alcance da Agenda 2030 das Nações Unidas, através de uma maior localização dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável nas actividades da instituição, concretamente sobre a Vida na Água, que apela à Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento.
˝Reconhecendo a importância ambiental social e económica dos oceanos, a UEM tem apostado na investigação de qualidade visando o melhor entendimento dos processos socio-ecológicos associados aos mares, contribuindo para uma gestão sustentável dos mesmos e, consequentemente, para o desenvolvimento sustentável de Moçambique˝.
Em relação à abertura do ano académico, o dirigente assegurou que é um momento solene e serve, entre outras coisas, para aproximar os vários sectores da sociedade e reflectir sobre a actuação da academia na solução dos grandes desafios que a nação moçambicana enfrenta, para os quais a academia é convidada a se pronunciar.
˝São esses desafios da nação Moçambicana que nos motivam, como UEM, a nos transformarmos numa universidade de investigação. Neste processo de reforma, a UEM conta com a participação activa e contínua de todos os intervenientes, com particular enfoque para os estudantes, cujas iniciativas científicas não podem ser reduzidas a um simples trabalho de culminação de estudos˝.
Apelou ao corpo docente, investigador e técnico administrativo que tem supervisionado os estudantes, tanto de graduação como de pós-graduação, que continuem a desenvolver o espírito crítico dos discentes, iniciando-os na cultura científica.
˝Aos estudantes, a nossa expectativa é que se dediquem arduamente aos estudos, adquirindo conhecimentos e habilidades, atitudes de que necessitam para que sejam agentes de transformação de Moçambique, rumo ao desenvolvimento social e económico sustentáveis. Não permitam que a vossa passagem pela UEM seja despercebida. Aproveitem a presença na UEM, para fazer amigos, conviver com o verdadeiro mosaico cultural e da moçambicanidade˝, exortou.
O presidente da Associação dos Estudantes, Onório Púnguè, reconheceu, também, a relevância da cerimónia de abertura do ano lectivo, assegurando que os novos ingressos passam a fazer parte da família universitária e tomam conhecimento dos desafios de estudar na maior e mais antiga instituição de ensino superior no país.
˝Com o apoio dos docentes e investigadores, os estudantes desta universidade, para além da aquisição do conhecimento, moldam valores direcionados para a investigação e para a produção de conhecimento, preferencialmente com impacto directo na melhoria da vida da nossa comunidade˝, destacou.