Fortaleza de Maputo acolhe reflexão sobre narrativas afrocentradas na educação artística
A Fortaleza de Maputo recebeu, na Quinta-feira (21/08), mais uma sessão do ciclo de debates “Pensar a Educação Artística em Moçambique”, subordinada ao tema “Karingana Ua Karingana: (Re)construção de narrativas afrocentradas”. O encontro teve como orador principal o artista plástico Titos Pelembe e reuniu estudantes, artistas e profissionais do sector cultural, num exercício de diálogo e reflexão crítica sobre os últimos 50 anos de percurso artístico e cultural do país.
Na sua intervenção, Pelembe revisitou a forma como a história moçambicana tem sido representada em espaços simbólicos como a Fortaleza de Maputo, com destaque para a figura de Ngungunhane e o Império de Gaza. O artista observou que, embora Ngungunhane esteja presente nas representações, “o Império de Gaza está ausente”, o que reforça a necessidade de uma construção simbólica mais abrangente, que inclua vestimentas, utensílios, rituais de guerra, armamentos e outras expressões materiais e imateriais da cultura moçambicana.
Como exemplo de construção e manipulação de narrativas históricas, Pelembe evocou ainda a 1ª Exposição Colonial Portuguesa, realizada no Porto, em 1954, sublinhando como este evento ilustra os mecanismos de representação e silenciamento cultural que se reflectem até hoje.
O ciclo de conversas, organizado em parceria com o Núcleo de Arte e outras instituições, procura estimular o pensamento crítico sobre o papel das artes na educação, resgatar memórias dispersas das últimas cinco décadas e promover a cultura como ferramenta essencial para preservar a história e inspirar futuros possíveis para Moçambique.
A sessão contou com a presença de estudantes do Instituto Superior de Artes e Cultura (ISARC), do Instituto Comercial de Maputo, do Instituto Agro-Industrial de Salamanga, bem como de artistas e outros agentes culturais, num ambiente de partilha que reforçou a importância da arte como espaço de identidade, resistência e transformação social.
