TRIBUTO AO LEGADO DA SOCIOLOGIA MOÇAMBICANA : UEM inaugura Memorial Carlos Serra
O Reitor da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Prof. Doutor Manuel Guilherme Júnior, inaugurou, no Sábado (10/08), o Memorial Carlos Serra, um espaço que preserva e partilha o vasto legado académico e pessoal daquele que é reconhecido como um das maiores referências da Sociologia moçambicana.
Localizado no Posto Administrativo da Macaneta, Distrito de Marracuene, o memorial reúne um acervo diversificado composto por artigos científicos, livros, diplomas, publicações em jornais e blogues, fotografias e objectos pessoais do Professor Carlos Serra. Entre estes, encontram-se telefones, disquetes, rádio, máquina de escrever e material de escritório, alguns usados antes da independência nacional. Cada peça ajuda a contar a história de um académico que cultivou uma paixão ardente pelo conhecimento, pelo pensamento crítico e pelo compromisso com a ciência.
Ao descerrar a placa, o Reitor recordou a trajectória de Carlos Serra na UEM: Bacharelato em História (1976), graduação em Estudos de Desenvolvimento pelo Centro de Estudos Africanos (1981), Licenciatura em História (1986), Doutoramento em Sociologia em França (1995) e ascensão a Professor Catedrático (2004).
No ensino, destacou-se pela leccionação das disciplinas de História de Moçambique e Metodologia de Investigação. Como investigador, no Centro de Estudos Africanos, ganhou notoriedade liderando a Unidade Diagnóstico Social. Segundo o Reitor, Carlos Serra notabilizou-se na formação de quadros moçambicanos e no fortalecimento da UEM, influenciando, decisivamente, o pensamento crítico em Moçambique, através do uso da ciência para esclarecer fenómenos sociais e não só.
O Chefe do Posto Administrativo da Macaneta, Domingos Madeira, enalteceu a criação do memorial, que conta a história, mas também preserva o conhecimento produzido por um dos maiores sociólogos do país.
Também as autoridades tradicionais, representadas pelo Régulo Nhaca, acolheram a iniciativa, elogiando o trabalho de Carlos Serra (filho) na promoção de causas ambientais e no apoio às comunidades mais vulneráveis, através de projectos sociais.
Segundo Carlos Serra (filho), a ideia nasceu da vontade de perpetuar o legado do pai, criando um espaço de acesso aberto para estudantes interessados em Sociologia e Antropologia. “Decidimos criar este espaço dentro do que vai ser um projecto maior da Fundação Carlos Serra, que vai permitir gerar postos de trabalho e ganhar alguma renda e tudo que aqui for ganho será para as actividades aqui na Macaneta”, explicou.
Após a cerimónia, o Reitor percorreu o memorial, ouvindo histórias ligadas aos objectos expostos, algumas narradas pelo filho e outras pela viúva, que partilhou memórias pessoais e marcantes.
O Memorial Carlos Serra integra a Vila Liana, um espaço onde decorrem construções ecológicas, com destaque para a Torre de Café – um edifício de três pisos que, do topo, oferece vistas panorâmicas sobre as dunas de areia branca, a praia e a floresta densa de mangais da Macaneta.
