Universidade Eduardo Mondlane

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Investigação da UEM contribui para reduzir destruição de corais

Os trabalhos de consciencialização desenvolvidos desde 2016 por investigadores da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) estão a surtir efeito na redução da destruição de pedras de coral na Ilha de Moçambique, um dos ecossistemas mais frágeis e estratégicos para a protecção ambiental e patrimonial da zona costeira.

A iniciativa é liderada pelo Prof. Doutor Hilário Madiquida, do Departamento de Arqueologia da Faculdade de Letras e Ciências Sociais (FLCS), que tem coordenado acções de sensibilização junto das comunidades locais, alertando para os impactos da extracção desenfreada de corais – prática anteriormente comum entre os jovens da ilha, motivados por razões económicas.

“Antes era em grande quantidade porque jovens faziam esse trabalho para obter rendimentos, mas agora já perceberam o perigo”, o que na opinião do pesquisador demonstra que a consciencialização está a produzir resultados positivos.

As pedras de coral desempenham um papel vital como barreira natural contra a erosão costeira, funcionando como o primeiro escudo da Ilha de Moçambique contra a invasão do mar. A sua remoção compromete a integridade do muro de vedação e expõe a ilha ao risco de submersão gradual – um cenário que colocaria em perigo a própria existência da primeira capital de Moçambique, classificada como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO.

Além da sua função protectora, os recifes de coral são também habitats cruciais para a reprodução de peixes e outras espécies marinhas. A sua destruição acarreta consequências ecológicas e económicas de longo prazo.

“As pessoas que visitam a Ilha de Moçambique querem sempre aqueles colares de missanga para recordação, mas aquelas missangas saem das pedras de corais que asseguram a protecção da Ilha’’, alertou.

Para além da consciencialização, a UEM, através do Centro de Arqueologia, Investigação e Recursos da Ilha de Moçambique (CAIRIM), tem procurado integrar os jovens locais nas actividades de investigação, formação e preservação. Anualmente, duas bolsas de estudo são disponibilizadas para estudantes da ilha ingressarem em cursos superiores na UEM.

Contudo, o Prof. Madiquida reconhece que é necessário ir mais longe e propõe a implementação de programas de capacitação técnica em áreas como serralharia, carpintaria, electricidade e construção civil, como forma de oferecer alternativas sustentáveis de geração de rendimento aos jovens e reduzir a pressão sobre os recursos naturais.

A experiência da Ilha de Moçambique mostra que a ciência, aliada ao trabalho comunitário e à educação ambiental, pode transformar práticas nocivas em soluções sustentáveis, num exemplo de como a Universidade pode estar ao serviço da preservação ambiental e do património histórico-cultural do país.