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Moçambique reflecte sobre o futuro do Seguro Agrário

 Em tempos de clima imprevisível e perdas crescentes no campo, pensar em seguro agrário deixou de ser opção e passou a ser necessidade estratégica. Foi com esta visão que especialistas, académicos, técnicos do Governo e parceiros de desenvolvimento reuniram-se, hoje, 27 de Junho, em Maputo, para traçar caminhos que viabilizem a criação de um sistema nacional de seguro agrário em Moçambique.

Num continente, onde apenas 3% da agricultura está coberta por seguros, o encontro procurou responder a uma pergunta essencial: como transformar o seguro agrário em realidade, num país onde ciclones, secas e cheias já não são excepção, mas parte da rotina?

Os fenómenos naturais têm impactos negativos sobre os rendimentos dos produtores e, consequentemente, na insegurança alimentar do país, reconheceu Dr.ª Nilza Paunde, Directora Nacional de Planificação e Políticas do Ministério da Agricultura, Ambiente e Pescas.

Para a dirigente, o seguro agrário não é apenas uma ferramenta de recuperação – é um instrumento de continuidade produtiva, que ajuda o agricultor a não parar mesmo depois da tempestade.

“Não se trata de proteger as perdas agrícolas, mas garantir que, em caso de intempéries, os produtores continuem a trabalhar de modo a assegurar a segurança alimentar”, explicou.

Além disso, destacou que não há transformação agrícola sem gestão moderna de riscos, garantindo que os resultados do encontro serão integrados no desenho da nova Política Nacional do Seguro Agrário e da sua estratégia de implementação. “Achamos que este é um momento ideal para uma reflexão profunda visando a implementação do seguro agrário no nosso país”, reforçou.

A voz da cooperação internacional também esteve presente. O representante do Banco Mundial, Dr. Blessings Botha, enfatizou o peso da agricultura na economia nacional, uma vez que absorve 80% da mão-de-obra local e contribui significativamente para o Produto Interno Bruto (PIB).

Para Botha, o seguro agrário é uma janela de oportunidade para dar aos produtores uma rede de apoio sólida contra perdas inesperadas.

O evento foi igualmente valorizado pelo Prof. Doutor Rogério Chiulele, Director do Centro Regional de Excelência em Sistemas Agroalimentares e Nutrição (CE-AFSN), que destacou o carácter colaborativo da iniciativa, onde vários actores do sector podem criar condições para acções tendentes ao estabelecimento do seguro agrário no país.

O workshop foi promovido pelo CE-AFSN e pelo Ministério da Agricultura, Ambiente e Pescas, reunindo representantes de universidades, instituições de pesquisa, sector privado, Governo e parceiros internacionais, todos unidos por uma causa comum: proteger o campo para garantir o futuro da alimentação e do desenvolvimento sustentável em Moçambique.