
Samora Machel é Doutor Honoris Causa pela UEM
A Universidade Eduardo Mondlane (UEM) atribuiu, esta Sexta-feira (20/06), em cerimónia solene realizada em Maputo, o título de Doutor Honoris Causa, a título póstumo, ao Presidente Samora Moisés Machel, em reconhecimento do seu contributo notável nas áreas da Educação, Governação e Cidadania.
A distinção homenageia o legado do primeiro Presidente de Moçambique Independente e celebra a sua visão pan-africanista, o seu papel na luta de libertação nacional, bem como a sua contribuição decisiva para a construção de um Estado soberano, justo e comprometido com o desenvolvimento humano.
Ao intervir na cerimónia, o Reitor da UEM, Prof. Doutor Manuel Guilherme Júnior, sublinhou que Samora Machel foi mais do que um líder político – foi educador, estratega, revolucionário e fundador do Estado Moçambicano, cuja acção devolveu a dignidade ao cidadão e estabeleceu um modelo de cidadania assente em valores éticos, patrióticos e pedagógicos.
Segundo o Reitor, a governação de Samora foi orientada por uma concepção de cidadania activa e participativa, em que o cidadão era simultaneamente agente e beneficiário do projecto nacional. Essa visão, aliada à promoção de reformas sociais estruturantes, sobretudo nos sectores da educação e saúde, permitiu a massificação do acesso a serviços básicos e consolidou o ideal de um Estado centrado no povo.
“Foi neste contexto que, a UEM, foi aberta a todas camadas sociais e convidada a aproximar-se ao povo, para que dele se inspirasse na produção do conhecimento”, propondo, deste modo, uma instituição mais próxima das comunidades, voltada para o conhecimento útil, para a produção nacional e para o desenvolvimento endógeno.
A proposta de atribuição do título partiu das Faculdades de Educação, de Letras e Ciências Sociais e do Centro de Estudos Africanos. Em representação destas unidades, o Prof. Doutor Xavier Muianga justificou a homenagem com base na influência duradoura de Samora no pensamento académico, na liderança política e na prática educativa em Moçambique.
“Samora foi mais do que um Presidente. Foi um educador, um pensador, estratega visionário e Pan-africanista. As suas contribuições transcendem no tempo e no espaço’’, afirmou.
Na qualidade de padrinho académico, o Professor Doutor Armindo Ngunga destacou o exemplo de governação ética e comprometida que Samora Machel representou “fazia questão de mostrar que, em direitos e deveres, era igual a outros moçambicanos”, sublinhando o valor simbólico da sua liderança na proclamação da independência e na afirmação dos símbolos nacionais, como a bandeira, o hino, a cidadania e a moeda nacional.
Em nome da família, Luís Bernardo Honwana destacou a dimensão transformadora das acções de Samora Machel sublinhando que “a escola já não era um edifício construido, era uma árvore e, alguns dos que estão aqui, foram ensinar nessas condições. Naquele tempo todos estavam envolvidos”, lembrou.
A viúva do Presidente, Graça Machel, agradeceu à Universidade Eduardo Mondlane pela distinção, sublinhando que, esta homenagem, reconhece o esforço do líder em garantir o acesso universal à educação e em construir um Moçambique para todos.
A cerimónia contou com a presença do Presidente da República, Daniel Chapo, dos antigos Chefes de Estado Joaquim Chissano e Armando Guebuza, membros do Governo, da sociedade civil, antigos combatentes da luta de libertação e académicos.
A atribuição do título inscreve-se no espírito do Artigo 14 da Lei do Ensino Superior e no Regulamento de Atribuição de Títulos Honoríficos da UEM, consolidando o compromisso da instituição com a valorização de personalidades cujos feitos contribuíram para a edificação do Estado e da identidade moçambicana.