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Moçambique conta com apenas 24 médicos de família

Especialistas reunidos para alargar a formação e reforçar os cuidados de saúde primários

Moçambique dispõe, actualmente, de apenas 24 médicos especialistas em Medicina Familiar e Comunitária, número bastante inferior às necessidades do país. Desses médicos, 20 estão concentrados na cidade de Maputo, enquanto as restantes províncias contam com presenças residuais: Gaza possui 2 especialistas, Sofala 1 e Nampula 1. O restante território nacional permanece sem cobertura desta especialidade médica essencial.

O Centro de Saúde da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) é actualmente o principal campo de estágio prático para a formação de médicos de família em Moçambique. No entanto, com o objectivo de expandir a formação e a presença desses profissionais em todo o país, o Colégio de Medicina Familiar e Comunitária de Moçambique, em parceria com o Centro de Saúde da UEM, realizou, recentemente, o primeiro workshop nacional da especialidade, no Campus Principal da UEM, em Maputo.

Durante o evento, especialistas nacionais e internacionais discutiram estratégias para a expansão da formação, aprimoramento da abordagem assistencial às comunidades e partilha de boas práticas da medicina familiar.

A Secretária Nacional do Colégio, Dr.ª Yolanda Marcelino, destacou que, no âmbito do alargamento da formação, foram recentemente criados novos polos de ensino, com destaque para a Faculdade de Ciências de Saúde da UniLúrio, em Nampula, utilizando o Hospital Geral de Marrere como campo prático. Estão também em curso esforços para a criação de um novo polo de formação na Universidade Católica de Moçambique, na cidade da Beira.

Embora a maioria dos especialistas em Maputo esteja ligada à unidades sanitárias para actividades assistenciais, alguns estão integrados nas Direções Provinciais de Saúde e no Ministério da Saúde, com responsabilidades em programas e coordenação técnica.

Para o Dr. Crimildo António, médico especialista e membro do Colégio, a escassez de profissionais é agravada pelo desconhecimento generalizado do papel do médico de família no Sistema Nacional de Saúde. “E este desconhecimento está a causar muita limitação no exercício da actividade ao nível do Sistema Nacional de Saúde.” O especialista defende que é urgente sensibilizar o sector da saúde e a sociedade para os benefícios da medicina familiar, nomeadamente na melhoria dos cuidados primários e da resposta às necessidades comunitárias.

O Colégio tem vindo a reforçar parcerias com instituições congéneres: “temos colaborado com outras associações de médicos de família em alguns países como Portugal, Cuba, Angola e Guiné-Bissau; temos trabalhado juntos para o fortalecimento das nossas agremiações.”

Priscila Duarte, médica generalista em formação na especialidade de Medicina Familiar no Centro de Saúde da UEM, identificou a ausência de estruturas adequadas nas unidades sanitárias como um dos principais desafios da formação. “A medicina familiar requer uma abordagem não apenas hospitalar, mas comunitária e de continuidade, porque incorpora a prevenção e a promoção da saúde”, destacou.

O workshop decorreu no âmbito da celebração do Dia Mundial da Medicina Familiar e Comunitária, reforçando o compromisso do país com a melhoria dos cuidados de saúde primários e com a formação de profissionais capazes de responder às necessidades reais das comunidades.