Adeus a Salomão Munguambe: colegas e amigos destacam as qualidades profissionais e humanas
Colegas de profissão, amigos, familiares e antigos estudantes reuniram-se, na manhã desta Quarta-feira (22/01), no Centro Cultural Universitário, em Maputo, para o último adeus ao Prof. Doutor Salomão Munguambe, o mais antigo docente da Faculdade de Economia da UEM, que perdeu a vida no passado dia 17 de Janeiro, aos 88 anos.
Na ocasião, a Ministra das Finanças, Doutora Carla Louveira, afirmou que Salomão Munguambe foi um servidor público dedicado e um cidadão que marcou, de forma indelével, a história económica e fiscal do país, tendo ocupado, de 29 de Junho de 1975 a 22 de Abril de 1978, o cargo de Ministro das Finanças e Comércio, cuja gestão foi crucial para Moçambique, porquanto o país enfrentava desafios significativos para a construção da sua economia após a independência nacional.
Na sua intervenção, o Reitor da UEM, Prof. Doutor Manuel Guilherme Júnior, fez saber que Salomão Munguambe foi o professor destacado mais antigo da Faculdade de Economia da UEM, tendo iniciado as suas funções em 1972 e que, após a independência, teve o papel de assegurar aquela unidade da UEM, juntamente com docentes de países amigos, articulando as suas actividades de governação com as actividades académicas.
Segundo o Reitor, o Prof. Munguambe sempre soube associar a teoria à prática, factores que consolidaram o seu papel na promoção de uma docência relevante e ajustada à realidade do país.
Fez saber que, na UEM, em Julho de 1973, foi promovido à categoria de Professor Auxiliar de Primeiro Escalão na carreira de docente universitário. Em 1996, como reconhecimento da sua contribuição e dos seus feitos no desenvolvimento da UEM, lhe foi condecorado através de uma apreciação e, em Abril de 1999, foi promovido a Professor Auxiliar na categoria de Terceiro Escalão, função que exerceu até a sua passagem à reforma, em 2008. “Mas, por conta da sua paixão pelo ensino e da ciência, o Prof. Munguambe manteve a sua colaboração com a instituição até ao ano de 2012”, disse.
Entretanto, segundo o Reitor, em 2022, a Faculdade de Economia prestou-lhe homenagem por ocasião dos seus 85 anos, sinalizando o reconhecimento pelas décadas de dedicação e trabalho na formação e na melhoria da qualidade de ensino na Unidade Académica, transmitindo valores académicos e de cidadania.
O Reitor garantiu que, como instituição, a UEM compromete-se a continuar o seu legado que se manifesta não só no conhecimento, mas também com a presença na instituição de docentes e gestores altamente qualificados, fruto do seu trabalho.
Em representação da família, o seu filho, Edgar Munguambe, lembrou um pai e homem que lhes ensinou o valor da simplicidade, da integridade, da família e do servir com dedicação, sem ignorar a importância do divertimento e da leveza da vida. Entretanto, muito cedo, perceberam que o pai era muito atarefado, conjugando as actividades desportivas no Clube Militar, as aulas na Faculdade de Economia e o trabalho no Ministério das Finanças, incluindo as viagens.
“Apesar disso, nunca foste um pai ausente, mantendo-nos sempre ocupados com actividades recreativas no Museu de História Natural, Feira de Maputo, Teatro e praia”, disse.
Antigos estudantes de Salomão Munguambe e colegas docentes da Faculdade de Economia também testemunharam o legado de um homem que ajudou, com o seu saber, a construir aquela Unidade Académica.
O velório foi presenciado por altas individualidades do ramo político e académico, entre os quais o antigo Presidente da República de Moçambique, Joaquim Chissano, o ex-Primeiro-Ministro e Ministro das Finanças, Adriano Maleiane e o ex-Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, Eneas Comiche .
Entre outras funções, Salomão Munguambe foi Secretário de Finanças no Governo de Transição, entre 1974 e 1975, Ministro das Finanças e Comércio, de 1975 a 1978, Ministro do Comércio Externo, de 1978 a 1988 e, de 1977 a 1994, foi membro da Assembleia Popular.
Após o velório, dominado maioritariamente por uma cerimónia religiosa, o cortejo fúnebre seguiu para o Cemitério de Lhanguene, para a sepultura do seu corpo.