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Menengite em menores de 5 anos no país: Serotipos não cobertos pela vacina aumentam risco de infecções
Os serotipos não cobertos pela vacina PCV13, actualmente administrada no território moçambicano, podem aumentar o risco de infecções em crianças devido ao sistema imunológico em desenvolvimento.
No país, há, actualmente, a presença de 15 tipos diferentes da bactéria Streptococcus pneumoniae, responsáveis pela meningite, onde alguns são cobertos pela vacina e outros não são contemplados.
Além disso, as crianças com a vacinação incompleta mostraram uma maior predisposição a infecções causadas por tipos de Streptococcus pneumoniae, não incluídos na vacina e uma predominância do serotipo coberto pela vacina.
Os dados constam de uma pesquisa da autoria da investigadora Zubaida Chiau, apresentada por ocasião da sua defesa de Mestrado em Biociências, na Faculdade de Medicina, com o título “Epidemiologia da Meningite Pneumocócica em crianças menores de 5 anos, após a introdução da vacina pneumocócica conjugada 13-Valente, no Hospital Central da Beira e Hospital Central de Nampula, 2018 – 2023”.
Os resultados do estudo mostram uma redução significativa dos casos de meningite pneumocócica em crianças menores de 5 anos, o que evidencia o impacto positivo da vacina PCV13. No entanto, apesar desse impacto positivo, novos desafios foram identificados, com destaque para o reforço da atenção contínua.
Apesar da vacina PCV13 ser eficaz na protecção contra muitos tipos da bactéria, a pesquisa constata que ainda existem deficiências na cobertura vacinal que pode contribuir para a ocorrência de casos de meningite.
A pesquisa recomenda ser fundamental intensificar a conscientização sobre a importância de seguir rigorosamente o calendário de vacinação, garantindo que todas as crianças sejam vacinadas de maneira completa e no prazo correcto.
Outrossim, urge incorporar novas vacinas mais amplas no Programa Alargado de Vacinação (PAV), que possam cobrir uma gama mais extensa de tipos de Streptococcus pneumoniae. Tais medidas são cruciais para fortalecer a protecção contra a meningite pneumocócica e outras doenças causadas por essa bactéria.
Por outro lado, é essencial reforçar as estratégias de prevenção, como a promoção de hábitos de higiene adequados e a vigilância contínua da doença, a fim de identificar rapidamente novos surtos e conter a propagação da meningite pneumocócica e proteger as crianças no país.
A pesquisa avaliou o perfil epidemiológico da meningite pneumocócica em crianças menores de 5 anos, após a introdução da vacina pneumocócica conjugada 13-Valente, no Hospital Central da Beira e Hospital Central de Nampula, entre 2018 e 2023.
Foram incluídas, no estudo, 2.552 amostras de líquido cefalorraquidiano colhidas no âmbito da Vigilância Nacional de Meningite implementado pelo Instituto Nacional de Saúde e que foram analisadas, através de métodos avançados de Biologia Molecular.
A meningite pneumocócica é uma doença grave causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae, que afecta o cérebro e a medula espinhal, especialmente em crianças menores de 5 anos. Pode causar febre alta, dor de cabeça, vómitos e rigidez no pescoço, e, se não tratada rapidamente, pode levar a sequelas graves ou à morte. A transmissão ocorre por gotículas de saliva (tosse, espirro) e pelo compartilhamento de objectos pessoais.
Em Dezembro de 2017, foi introduzida, no país, a vacina pneumocócica conjugada 13-Valente (PCV13), através do Programa Alargado de Vacinação.