Elevada taxa de desemprego preocupa Ordem dos Médicos
Estima-se que 450 recém-graduados de Licenciatura em Medicina Geral estejam desempregados. Um “paradoxo” para a Ordem dos Médicos de Moçambique, para um país com um rácio médico/habitante inferior a um por dez mil e enfermeiro/habitante abaixo de um por dois mil.
“O curso de medicina é um dos mais onerosos entre os cursos leccionados no ensino superior. Faz-se um grande investimento para formação para depois ficarem no desemprego”, anota o Bastonário da Ordem, Dr. Gilberto Manhiça.
Entretanto, enquanto cresce o número de desempegos dos médicos formados no país, aumenta a quantidade de médicos estrangeiros que requerem licença para prática da actividade em Moçambique. Alguns dos médicos são contratados à luz de acordos bilaterais que, entretanto, acabem por abandonar o Sistema Nacional de Saúde, migrando para o sector privado.
Por isso, recomenda uma análise das práticas vigentes por forma a serem melhoradas tendo em conta que a formação é uma actividade dinâmica.
No que diz respeito à formacão, a Ordem dos Médicos de Moçambique defende maior tempo de contacto entre os docentes e os discentes, de forma a garantir uma melhor formação de médicos no país. Tal passa por um investimento adicional para que o docente se sinta melhor compensado na actividade que exerce.
Uma melhor formação de médicos traz vantagens múltiplas, tanto para o docente, que se sentirá realizado por ter formado melhor, quanto para o Governo e a população devido ao retorno do investimento realizado e na melhoria da prestação de serviços.
O Bastonário da Ordem do Médicos, Dr. Gilberto Manhiça, proferiu uma palestra no âmbito das Jornadas Científicas da Faculdade de Medicina com o tema “Ensino Médico em Moçambique, progressos e desafios para uma formação médica de excelência”.
O Bastonário explicou que, devido à rápida produção da informação sobre medicina, impõe-se o desafio de produção e actualização contemporânea sobre os conteúdos da formação. “Hoje, já se fala da medicina de precisão, a questão que se coloca é se nós já estamos a preparar o nosso médico para perceber as intervenções que são feitas ao nível da medicina de precisão?”, questionou.
Manhiça defende compatibilidade entre os sistemas de educação médica, Sistema Nacional de Saúde e as necessidades da comunidade, bem como o desafio de gerar graduados com conhecimento básico médico alargado e com alicerces fortes, capazes de acomodar formação especializada ou investigativa.
A Diretora-adjunta daquela Unidade, Dr.ª Tufária Mussá, fez um balanço positivo das das Jornadas Científicas que também contaram com uma feira de saúde.