Transição energética vista como “solução” para mudanças climáticas
Esta tese foi defendida, esta Quarta-feira, pelo investigador da UEM, Prof. Doutor Luís Hélder, durante uma palestra intitulada “Recursos Naturais e Transição Energética: o Papel da Ciência e Tecnologia”, que decorreu no âmbito das Jornadas Científicas da Faculdade de Engenharia.
Citando a Agência Internacional de Energia, o palestrante explicou que a demanda global por combustíveis fósseis precisa cair em um quarto até o final desta década, para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus centígrados. “Contrariamente, a capacidade global de energia renovável deve triplicar. A emissão maciça dos gases de efeito de estufa está gerando um aumento exacerbado da temperatura, de que resultam fenómenos ambientais nefastos, tal como derretimento das calotas polares e a elevação do nível do mar, aumento de eventos climáticos extremos, como furacões, inundações e
incêndios, desertificação, entre outros desastres.”
No concernente à transição energética nos países africanos, sobretudo subsaharianos, Luís Hélder nota que há uma escassez significativa de pesquisa aplicada para atender aos desafios energéticos específicos destas nações e falta de capacidades humana, tecnológica e financeira para planeamento e implementação de programas e projectos ligados à transição energética.
“As zonas económicas regionais africanas têm sido de baixo nível de funcionalidade, e tal como outros mercados regionais, o das energias é bastante limitado, e não promove a partilha de recursos e oportunidades, negócios e crescimento integrado dos vários países.
Um bom exemplo que contraria esta tendência é a Africa Continental Free Trade Area (AfCFTA) que luta para construir uma cadeia de valor regional para um mercado global”, argumentou.
Nestes países, a gestão dos fundos provenientes dos pagamentos efectuados pelas empresas que exploram os recursos é inadequada devido “á falta de transparência, corrupção, apropriação de recursos por elites políticas e militares, baixo nível de envolvimento e benefício das comunidades locais, bem como a falta de políticas e estratégias eficazes de conteúdo local”.
Intervindo na ocasião, a Directora Científica da Faculdade, Eng.ª Roxan Cadir, afirmou
que o tema da palestra reflecte o papel da engenharia na construção de um futuro mais sustentável e inclusivo para Moçambique, em particular, e África, em geral.
“A Universidade, através da Faculdade de Engenharia, reafirma o seu compromisso com a promoção de uma engenharia capaz de responder os desafios de desenvolvimento sustentável e as jornadas que hoje iniciam representam uma plataforma de colaboração entre docentes, estudantes, investigadores, profissionais e parceiros, de forma a contribuir com melhores soluções para preocupações da realidade moçambicana”,
garantiu.
Por sua vez, o representante da MOZAL, empresa parceira da Faculdade, Dias Bande, reconheceu o papel da UEM na formação de jovens comprometidos com o desenvolvimento sustentável. “A forma como abordamos a engenharia e odesenvolvimento sustentável é crucial para garantir a construção de um futuro, que não
seja apenas inovador, mas também responsável e de inclusão”, alertou.