Universidade deve perceber as dinâmicas do mercado: defendem painelistas
O Engenheiro Rogério Samo Gudo, PCA do MCNET, defendeu o espírito empreendedor e inovador nos graduados, para aumentarem as suas possibilidades em adquirirem e se manterem no emprego.
Samo Gudo apelou aos formados que procurem, primeiro, as pequenas empresas para receberem a atenção directa e necessária de um líder, porquanto nas grandes companhias não existe tal atenção, devido a um sistema de gestão vertical e de muita especialização. “Numa pequena empresa irão aprender muita coisa que vos será útil para o resto das vossas vidas”, disse.
Por sua vez, Belmiro Quive, da BDQ, instou aos estudantes universitários a terem um esprito aberto e encontrarem soluções inovadoras, apostando no autoemprego. Entretanto, tais soluções inovadoras devem ser encontradas ainda durante a formação, não buscando apenas formação académica, mas também buscando empreender.
Quive partilhou a sua própria experiência de vida, afirmando que começou com uma máquina copiadora, em 2001, mas agora possui seis empresas que actuam no ramo do entretenimento, das telecomunicações e que, agora, se prepara para entrar nos serviços financeiros.
Na sequência, a PCA do Standard Bank, Prof. Doutora Esselina Macome, disse haver uma mudança estrutural na dinâmica de empregabilidade, em Moçambique, porquanto as organizações actuamente primam pela competência dos seus colaboradores, pelo que, aqueles que apresentam deficiências no saber fazer são descartados. “E muitos de nós estamos habituados a ficar no emprego por toda a vida. Já está a acabar isso. Mas, por outro lado, também noto que os próprios jovens já não estão preparados para toda a vida ficarem num único emprego e fazerem a mesma coisa. Estão sempre a busca de coisas novas.”
Esselina Macome acrescentou que, actualmente, as organizações procuram pessoas capazes de se ajustar às dinâmicas do mercado e de ir aprendendo ao longo da vida, pelo que, segundo a oradora, a universidade também deve ensinar como é que os seus formandos podem aprender ao longo da vida. “Eu sou exemplo disso, a licenciatura foi em Matemática mas, hoje, não ensino Matemática, faço muitas outras coisas que fui obrigada a buscar para me manter no mercado”, frisou.
Na ocasião, o Presidente da Bolsa de Valores de Moçambique, Salim Valá, defendeu a necessidade de, durante a formação, a Universidade procurar perceber as dinâmicas do mercado sobre o perfil do graduado que satisfaça às necessidades dos diferentes sectores produtivos. “E, para isso acontecer, temos que manter uma ligação permanente entre a academia e o sector produtivo”, rematou.
Após os debates, o Reitor da UEM, Prof. Doutor Manuel Guilherme Júnior, garantiu ter anotado cada uma das intervenções partilhadas e que ficou com a melhor percepção sobre os desafios a enfrentar, muitos deles decorrentes da conjuntura mundial, do desenvolvimento económico, tecnológico e científico, “mas, também, saímos cientes das valências que cada um de nós constitui para o outro”.