Ciências Marinhas e Costeiras lança apicultura nas florestas do mangal
A Escola Superior de Ciências Marinhas e Costeiras (ESCMC), lançará, nos próximos dias, o projecto de apicultura no mangal. A iniciativa tem como objectivo promover a prática de produção de mel, colocando colmeias nas florestas de mangal como alternativa de subsistência das comunidades costeiras ao longo do Estuário dos Bons Sinais e, simultaneamente, preservar as florestas de mangal em torno do estuário.
O Estuário dos Bons Sinais detém um ecossistema rico em biodiversidade pesqueira e vegetação de mangal, fonte de rendimento e alimento para a população das comunidades residente ao longo das margens.
Nos últimos anos, o elevado abate do mangal tem devastado extensas áreas de florestas de mangal, causando implicações diversas, desde a perda de habitat de algumas espécies costeiras, a destruição de regiões de berçários, a aceleração da erosão nas margens do estuário, a perda da biodiversidade, bem como contribuindo para acelerar os efeitos das mudanças climáticas globais. O mangal e seus subprodutos tem sido amplamente utilizados pelas comunidades residentes ao longo do estuário como fonte de lenha, estacas para construção de casas e produção de carvão para consumo e venda.
Segundo a coordenadora do projecto, Dr.ª Maria Helena, em auscultações a algumas comunidades de pescadores, a população justifica que a prática tem sido a saída encontrada devido a falta de alternativas de subsistência face a crise económica actual, numa era em que tudo depende de dinheiro.
A iniciativa visa, essencialmente, promover a prática da apicultura nas florestas de mangal, usando a venda do mel produzido como alternativa de fonte de subsistências e, simultaneamente, preservar o mangal pois é nas plantas de mangal onde as colmeias serão colocadas.
A iniciativa da apicultura no mangal é parte de um projecto mais amplo, pertencente ao grupo dos 24 projectos mundiais vencedores do financiamento da OWSD/UNESCO, em 2022, que está a ser desenvolvido no Estuário dos Bons Sinais, com o intuito de garantir a sustentabilidade pesqueira, impulsionando o desenvolvimento socioeconómico.
O projecto prevê dar formação tanto a pesquisadores da ESCMC bem como a grupo misto (homens e mulheres) de integrantes da comunidade do Bairro de Inhangome na prática de apicultura. O mesmo fornecerá, também, todos equipamentos para o estágio inicial da produção e processamento do mel para a comunidade. A ESCMC irá, também, garantir a monitoria técnica durante as primeiras produções e processamento no mel resultante, para posterior venda no mercado.
O lançamento oficial da iniciativa decorrerá na cidade de Quelimane e irá contar com as instituições e intervenientes que actuam na preservação do meio ambiente e a população beneficiária (população do bairro de Inhangome).