Projecto Inovador da Faculdade de Engenharia: Uso de briquetes como alternativa à lenha na produção do pão
Está em curso uma iniciativa de produção de pão com recurso a briquetes em substituição da lenha. São resíduos como serradura, casca de arroz, casca de coco, casca de algodão e casca de amendoim, incluindo todos os outros materiais de origem vegetal que podem ser usados na produção de briquetes.
O projecto, ainda em fase piloto, está a ser realizado por docentes/pesquisadores da Faculdade de Engenharia da UEM que recorrem a resíduos sólidos para produzir briquetes que podem ser usados para a confecção de pão.
O objectivo é que as padarias recorram ao uso da biomassa (briquete) para a produção do pão em detrimento da lenha, devido às vantagens para o ambiente, além de reduzir, sobremaneira, os custos relacionados com a produção do pão.
O Coordenador do Projecto, Eng.° Carlos Lucas, disse que, neste momento, decorrem estudos comparativos para identificar a quantidade de lenha necessária para produzir determinada quantidade de pão para, posteriormente, comparar com a utilização de briquetes, tendo em conta as mesmas quantidades.
A mesma comparação vai abordar questões relativas ao meio ambiente, sobre o tipo de emissões que a lenha efectua, se comparado com os briquetes relativos ao ambiente interno e externo, bem como a eficiência de combustão da lenha comparado com o briquete e o efeito produzido por cada uma destas sobre o processo de produção de pão.
A fonte garantiu que “este trabalho vai levar alguns meses para, posteriormente, serem incluídas mais padarias, primeiro, em Maputo e, mais tarde, noutras províncias”.
Os briquetes não servem apenas para a produção de pão. Segundo Carlos Lucas, os resíduos sólidos na agricultura e aqueles depositados nas lixeiras podem ser usados para os diferentes sectores da indústria. “A ideia é trabalhar com os catadores de lixo para recolherem esses resíduos que deverão ser processados posteriormente.”
Nesta fase piloto, os briquetes estão a ser usados para a produção do pão na Padaria Aliança, no centro da cidade de Maputo. Para o proprietário, Victor Miguel, que também representa as demais padarias do país, a utilização de outras fontes é uma boa nova, atendendo os custos elevados para a produção de pão.
Miguel considera o briquete importante, porquanto, além de garantir a protecção ambiental, vem responder à escassez que se regista, em períodos do ano, em relação à lenha. Outrossim, pode ser mais acessível e com menos custos em relação ao actual gasto para a aquisição da lenha, “principalmente no tempo de chuva, em que é difícil obter lenha aqui nas zonas urbanas.”
O projecto de produção de briquetes para a produção de pão também garante a formação na pós-graduação, pois, alguns doutorandos, estão a fazer pesquisas sobre outras formas de utilização de briquetes. A Engª. Karina Motani, docente da Faculdade de Engenharia, é doutoranda em Ciências e Tecnologias de Energia, na Faculdade de Ciências da UEM. Ela está a desenvolver um estudo sobre a conversão de termoquímica em biomassa, estando, neste momento, a produzir biomassa proveniente de resíduos sólidos fornecidos pelo Município de Maputo.
A pesquisadora explicou que, em cada teste realizado na Padaria Aliança, são inseridos 18 quilos de biomassa para a câmara de cosedura, em que são produzidos 800 pães.
Durantes os testes efectuados, foram medidos o poder calorífico, controlo da temperatura no forno, que varia de 230 a 260 graus centigrados. Estão, igualmente, a ser controlados a quantidade de fumo que sai da chaminé para, posteriormente, comparar quando se utiliza lenha para produzir o pão. “Por enquanto, podemos dizer que, com os briquetes, não se produz fumo acentuado”, concluiu.
Os proponentes do projecto destacam como principais aspectos a criação de postos de trabalho ao longo de toda a cadeia de valor da produção do briquete. Desde a colecta e venda da biomassa, passando pelo processo de produção do briquete, até à sua comercialização, existe a possibilidade de gerar centenas de postos de trabalho por cada unidade de produção instalada.