Pesquisador recomenda criação de política para geração de emprego
O Director do Centro de Estudos de Economia e Gestão (CEEG), Dr. Pedro Pota, recomenda a criação de políticas apropriadas viradas para geração de emprego para a população jovem, visto que esta é a que mais cresce do universo populacional em Moçambique. Ao mesmo tempo, é importante determinar os sectores produtivos que devem merecer maior atenção para que possam gerar mais emprego para a juventude.
O pesquisador apresentou, esta Quarta-feira (08/08), em Maputo, resultado de uma pesquisa intitulada “Análise sectorial da criação de emprego jovem 2010-2018”, período em que foram analisados seis sectores, nomeadamente: agrícola, mineração, transportes, comércio, turismo, e o da manufactura. Estes sectores geram mais emprego quando há crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), em Moçambique.
A pesquisa mostrou que todos os sectores, com a excepção do comércio, têm vindo a responder, de forma positiva, ao crescimento económico do país. “Grande parte dos sectores tem potencial para gerar emprego e possuem dinâmica e produtividade positiva”, destaca Pota.
No reverso da moeda, o pesquisador verificou que o sistema educacional moçambicano não atende à demanda do mercado, ou seja, as necessidades do mercado em termos de recursos humanos para a indústria e para os empregadores continuam a não ser tidos em conta na hora de formar. “Por exemplo, nós somos um país basicamente agrícola, mas não temos respostas em termos formação para as características de um país agrícola, olhando para a composição dos cursos, quer para o ensino técnico ou superior não há uma indicação clara. Precisamos que os pedagogos reflictam, para que o nosso sistema de educação esteja voltado para as necessidades do mercado.”
Segundo a pesquisa, o sector agrícola continua a ser o que mais emprego gera no país, absorvendo cerca de 80 por cento da mão-de-obra, seguido de serviços e comércio.
O pesquisador fez notar que, no período em análise, alguns eventos contribuíram para a instabilidade macroeconómica, nomeadamente a crise financeira mundial, em 2010, as descobertas das dívidas ocultas, os conflitos nas regiões centro e norte, todos com impacto negativo para o crescimento económico do país.
Outrossim, a instabilidade política, o excesso de burocracia, a limitação de infraestruturas, o acesso limitado à energia (apenas cerca de 30 por cento da população), as restrições no acesso a água (apenas 49 por cento da população), são apontados como algumas barreiras para a criação de emprego no país. O pesquisador avança alguns sectores promissores para a criação de emprego e, consequentemente, catapultar a transformação económica do país, nomeadamente, o carvão e o gás.
O Dr. Pedro Pota apresentou o resultado da pesquisa no âmbito do projecto Crescimento Inclusivo em Moçambique, do Centro de Estudos de Economia e Gestão da Faculdade de Economia da UEM.