José Forjaz homenageado em Maputo
Diversas personalidades, entre académicos, membros do Governo e da sociedade civil renderam homenagem, Quinta-feira (25/07), em Maputo, ao arquitecto José Forjaz, pela sua dedicação à arquitectura e contributo prestado ao ordenamento territorial e ao ensino na área de arquitectura. O Prof. José Forjaz perdeu a vida, no dia 25 de Junho, em Portugal, aos 88 anos de idade, vítima de doença.
Na cerimónia de homenagem, o Reitor da UEM, Prof. Doutor Manuel Guilherme Júnior, destacou que o arquitecto Forjaz foi Director da Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico durante dezoito anos (1990 – 2008) e, neste período, dirigiu, leccionou e orientou trabalhos de conclusão de curso da maior parte dos licenciados na área da arquitectura.
Para o Reitor, o arquitecto Forjaz exemplificou uma abordagem ética da actividade profissional e do ensino, tendo dotado os seus sucessores de capacidade para definir os objectivos fundamentais da prática da arquitectura e do planeamento urbano, na sociedade para o futuro. “Este facto é importante para definir a influência destes profissionais no desenvolvimento do nosso país como uma sociedade totalmente empenhada em resolver a nova ordem de problemas globais”, disse.
Segundo o Reitor, esta transferência de conhecimentos e competências para a próxima geração de arquitectos e planeadores físicos é um testemunho do legado duradouro do arquitecto Forjaz.
Foi na Itália, enquanto professor convidado na Universidade de Roma La Sapienza e, especificamente, com o arquitecto Gianni Ferracuti, que o Arquitecto Forjaz concebeu o projecto da Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico. E graças à sua persistência e da disponibilidade da Cooperação Italiana, que a Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico deve ter sido, na UEM, segundo o Reitor, uma das que muito valorizou os projectos de mobilidade internacional de docência e de ensino.
Para a Ordem dos Arquitectos, José Forjas foi um mentor, porque não apenas formou profissionais competentes, mas inspira gerações a enxergar a arquitecura e tudo a esta associado como uma arte capaz de moldar e reflectir a sociedade.
O Bastonário da Ordem dos Arquitectos, o Prof. Doutor Luís Lage, disse que o trabalho do arquitecto Forjas não se limitou apenas às construções físicas. “A sua acção teve também impacto nas artes, na cultura e na valorização do património cultural nacional e teve também impacto na motivação de uma agremiação socioprofissional forte e representativa dos arquitectos físicos”, frisou.
Visivelmente abalada, a viúva do malogrado, Margarida Forjaz, explicou os contornos que levaram a sua morte. Fez saber que Forjaz doou o seu corpo à ciência, tendo tratado todos os trâmites legais, através da neta, que cursa medicina na Universidade de Lisboa.
José Forjaz nasceu em 1936, em Coimbra, Portugal, e radicou-se em Moçambique, nos anos 50, onde começou a trabalhar como desenhador nos Serviços Provinciais de Obras Públicas.
Desde 1968, Forjaz actuou noutros países de África, com destaque para Suazilândia, Botswana e África do Sul.
Em Moçambique, Forjaz exerceu vários cargos governamentais. Trabalhou no Ministério das Obras Públicas e Habitação como técnico do Gabinete de Estudos, até 1977; como Director Nacional de Habitação, de 1977 a 1983; representou Moçambique na Conferência do Habitat, em Vancouver (1978), no Focal Point UN HABITAT (1979 a 1985) e no Focal Point UNEP (1979 a 1985); exerceu, ainda, o cargo de Secretário de Estado do Planeamento Físico, de 1983 a 1986.
José Forjaz é autor de uma vasta literatura sobre a aquitectura, cuja última obra carrega o título: “Pensar Aquitectura”.