Redução global da emissão de carbono em 45% até 2030: Mundo está cada vez longe de cumprir as metas
– afirma o Dr. Jorge Moreira da Silva, Subsecretário-Geral da ONU
O mundo está cada vez mais longe de cumprir as metas que se propôs a alcançar, que era reduzir, em 45 por cento, até 2030, as emissões globais, por forma a atingir a neutralidade carbónica, em 2050, de modo a existir probabilidades de redução do aumento da temperatura global em 1.5 graus até ao final do século.
Entretanto, dados científicos provam que, em 2030, tendo em conta as metas e os esforços de todos os países, as emissões não irão reduzir, mas vão aumentar em cerca de 11 por cento e no final do seculo o mundo vai registar um aumento da temperatura entre 2.7 e 2.9 graus.
Por outro lado, são necessários cerca de 6 biliões de dólares de financiamento climático, por ano, para fazer face aos programas de transição climática, particularmente na adaptação e mitigação, dos quais 4 biliões para os países em desenvolvimento. Todavia, até agora, só foram mobilizados 1.3 biliões.
O Sub-Secretário das Nações Unidas e Director Executivo do Escritório das Nações Unidas para Serviços de Projectos, Dr. Jorge Moreira da Silva, admitiu que, em termos de alterações climáticas, não serão atingidas as metas que tinham sido definidas até 2013.
“Estamos no caminho certo, mas a uma velocidade muito inferior àquilo que era necessário”, frisou.
Mas não é apenas nas alterações climáticas que as metas não serão cumpridas. O Dirigente das Nações Unidas garantiu que os 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável não serão materializados até 2030. Fez saber que, até agora, apenas 30 por cento das 169 metas propostas estão em fase de cumprimento, as restantes estão a retroceder.
O mesmo acontece com os programas ao desenvolvimento, onde os financiamentos aos países em desenvolvimento não têm sido concretizados como se esperaria. “Apesar da beleza da agenda 2030, nós, neste momento, estamos fora de pista na área climática, nas ODS e ao financiamento aos programas de desenvolvimento”, reconheceu.
Para inverter o actual cenário, o diplomata propõe 5 desafios globais, nomeadamente o Estabelecimento de uma Agenda de Paz Global e Prevenção de Conflitos; Combate à Pobreza e as Desigualdades; Crise planetária que envolve os problemas com o clima e poluição ambiental; a Biodiversidade, onde a situação é crítica apontando, a título de exemplo que, 80 por cento de todas as espécies de aves no mundo são frangos e 92 por cento dos mamíferos no mundo é gado que serve para alimentação. Outrossim, estima-se que haverá, nos próximos 20 anos, mais plásticos nos oceanos do que peixe.
E, por último, o orador apontou o desafio das revoluções energéticas, digital e dos sistemas alimentares, havendo necessidade de a comunidade internacional tirar maior proveito dos recursos, tendo em conta que o continente africano hospeda 60 por cento do potencial energético solar do mundo.
O Subsecretario das Nações Unidas falava numa palestra, na UEM, sob tema O Papel da Cooperação Internacional na Acção Climática, no Desenvolvimento Sustentável e da Resposta a Crises no âmbito da Agenda 2030.
Na ocasião, a Vice-Reitora Académica da UEM, Prof.ª Doutora Amália Uamusse, destacou a importância das reflexões feitas, porque só entendendo os progressos alcançados e os desafios existentes é que se pode redefinir os processos e avançar-se, de forma mais rápida e segura, rumo ao alcance dos objectivos definidos.
Entretanto, admitiu que, como Universidade, a instituição está ciente do papel a desempenhar na acção climática, na resposta às crises e no alcance do desenvolvimento sustentável, por isso, tem vindo a trabalhar em várias componentes, entres as quais, a transformação da UEM em Universidade de Investigação que visa, sobretudo, responder aos desafios que o país e o mundo enfrentam, através de um programa maior de engajamento em programas de pesquisa, inovação para o desenvolvimento e internacionalização.
O orador, entre outras os funções, foi Ministro do Ambiente e do Ordenamento Territorial, em Portugal, entre 2013 e 2015 e Conselheiro Sénior de Finanças Ambientais e Gestor do Programa de Finanças Inovadora para Mudanças no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), entre 2009 e 2012.