Na Cidade de Maputo: “Dá-se muita atenção aos monumentos localizados na baixa da cidade em detrimento de outros”, afirma especialista Sheila dos Santos
A especialista em gestão internacional de turismo cultural e patrimonial, Drª. Sheila dos Santos, afirmou que se dá muita atenção aos monumentos e sítios localizados na Baixa da Cidade de Maputo, em detrimento daqueles localizados em outros pontos da cidade e província de Maputo, havendo, por isso, a necessidade de criar uma rede de conexão e promoção de modo a valorizar todos.
A especialista que, falava à margem de uma palestra que proferiu na Fortaleza de Maputo, num tema intitulado “Património, conflitos e desafios de gestão dos espaços urbanos de Maputo e mais”, no âmbito das celebrações do Dia Internacional dos Monumentos, apontou ainda a ausência de fundos como causa que impede a melhoria da preservação e manutenção dos monumentos e sítios no país.
Reconheceu que, em Moçambique, a sociedade não dá o devido valor aos monumentos, pelo que, é da opinião que a academia pode desempenhar um papel fulcral, propondo novas formas de consciencializar e ensinar as pessoas sobre o valor dos monumentos e sítios, ensinando-as que é importante proteger e cuidar para que as futuras gerações tenham acesso à história.
Entretanto, admite que a falta de interesse das pessoas em relação aos monumentos deve-se, em parte, à ausência de uma narração suficiente nos monumentos para cativar e criar interesse por parte dos visitantes. “Acredito que temos que trabalhar e colaborar com mais pesquisadores para trazer mais informação e criar uma divisão, por exemplo, entre o turismo negro e os monumentos que, apenas, retratam a história”, frisou.
A especialista, que é moçambicana nascida na África do Sul, tendo feito a sua formação no Reino Unido e na Áustria, disse que pode contribuir para o seu o país, uma vez que reúne experiência prática suficiente de outras realidades que pode ser aplicável para Moçambique.
Dalson Pazo, estudante do curso de arqueologia e gestão do património cultural na UEM, defendeu a integração das comunidades locais na gestão dos monumentos. Alertou ao facto de as pessoas, cada vez mais, irem ocupando espaços não apropriados, colocando em perigo os monumentos e edifícios históricos e provocando, dessa forma, a sua degradação. “No caso da cidade de Maputo, podemos ver pessoas estacionando viaturas em frente aos monumentos, e isto é um grande constrangimento”, concluiu.