Há circulação do vírus sincicial respiratório (VRS) no sul do país
– Estudo mostra que vírus afecta crianças menores de 2 anos de idade
Há circulação, no país, do vírus sincicial respiratório (VRS), considerado causa importante de hospitalização e morte em crianças menores de 5 anos em todo mundo. Entretanto, a grande maioria das mortes ocorre em países em desenvolvimento, onde crianças menores de dois anos de idade são afectadas de forma desproporcional.
Trata-se de um vírus respiratório que se transmite por contacto directo, através de gotículas que são exaladas para o ar e cuja transmissão é facilitada devido a aglomerados fechados (creches, escolas, convívios familiares), onde as crianças são expostas. O uso da máscara pelos pais ou cuidadores, lavagem regular das mãos, bem como distanciamento social são formas de evitar a contaminação.
Segundo a coordenadora da pesquisa, Profª. Doutora Tufária Mussá, o diagnóstico deste vírus não está disponível no serviço nacional de saúde. “Para o propósito deste estudo, após consentimento dos pais, as crianças eram submetidas a colheita de amostras com um cotonete nasal (mesma forma de colheita da amostra do vírus da COVID-19) e, depois, a amostra era testada no Laboratório da Faculdade de Medicina. Estes resultados foram também úteis para melhor orientar o tratamento que o médico administrava às crianças”, disse.
Acrescentou que, com o término da época chuvosa e início da época fria, algumas crianças apresentam tosses, dificuldades respiratórias, podendo apresentar febres ou não e falta de vontade de mamar. “Geralmente, o diagnóstico clínico é de IVRS (infecção das vias respiratórias superiores), Broncopneumonia ou Bronquiolite/Bronquite”.
Entre 2022 e 2023, a Faculdade de Medicina da UEM (FAMED), em colaboração com a University Medical Centre de Urecht, Holanda, a PATH e o Instituto Nacional de Saúde implementou um estudo no Hospital Central de Maputo e no Centro de Saúde 1º de Maio, sobre a infecção do vírus sincicial respiratório (VRS) e os custos a este associado. O Estudo decorreu no âmbito do Projecto “RSV GOLD III, nomeadamente o Global Pediatric Real-time RSV-Related Illness at Intensive Care Units, o RSV GOLD III Cost of infection e o RSV Gold Cost Effectiveness analysis.
Assim, os resultados apresentados indicam que, em Moçambique, a carga da doença respiratória associada ao RSV é alta, i.e., cerca de 35%; o vírus (RSV) circula entre os meses de Fevereiro e Junho, com o pico de casos em Abril; crianças menores de 6 meses são mais acometidas por este vírus. A pesquisa também mostra que os custos para as famílias e para o sistema nacional de saúde são elevados.
Actualmente, as vacinas disponíveis estão em países desenvolvidos, e das três disponíveis, duas foram autorizadas em 2023. Uma para imunização da mulher grávida no último trimestre da gravidez e outra para crianças recém-nascidas. Contudo, os países em desenvolvimento como Moçambique, têm poucos dados sobre o peso da doença respiratória causada pelo RSV e nenhum dado sobre custos para as famílias e para o Serviço Nacional de Saúde resultantes da doença.
Esta pesquisa vai servir também para informar ao Ministério da Saúde os dados sobre doenças respiratórias causadas pelo RSV, bem como informar sobre os custos para as famílias e para o Sistema Nacional de Saúde.
Em Moçambique, o Pediatric Real-time RSV-Related Illness at Intensive Care Units, o RSV GOLD III Cost of infection são liderados pela Profª. Doutora Tufária Mussá, investigadora e actual Directora-adjunta da Faculdade de Medicina da UEM para investigação e extensão; e RSV Gold Cost Efectiveness analysis pela Drª. Esperança Guimarães, investigadora do Instituto Nacional de Saúde.
Ainda segundo as investigadoras, a introdução de uma das duas vacinas disponíveis nos países desenvolvidos em Moçambique pode impactar na redução da carga da doença e contribuir para a redução dos custos para as famílias e para o Serviço Nacional de Saúde.
“A carga viral desta doença e os seus impactos económicos para as famílias e para o Sistema Nacional de Saúde podem ser reduzidos com a introdução da vacina”, disseram as investigadoras.