Produzida no Vale do Infulene: Pesquisadoras esclarecem que quantidades de mercúrio na alface não representam risco para a saúde
Após especulações públicas sobre a presença de elementos prejudiciais à saúde no alface produzido na região de Infulene, particularmente o mercúrio, devido ao uso de água proveniente da Estacão de Tratamento de Águas Residuais para irrigação naquela região, as pesquisadoras da UEM decidiram avançar para uma pesquisa, por forma a esclarecer a presença ou não daquele elemento químico na cultura de alface.
A Investigadora Noor Jehan, da Faculdade de Ciências, indica que a realização deste estudo, cujo tema foi “Avaliação da Presença de Mercúrio em Alface Irrigada por diferentes Fontes de Irrigação na Zona do Infulene”, está inserido dentro de um projecto maior que visa encontrar fontes alternativas para irrigação.
Com o efeito, durante 6 meses, procederam à recolha de amostras em dois ciclos de plantio de alface. Segundo a pesquisadora Engª. Celma Niquice Janeiro, em cada ciclo foram colhidas amostras de água, estrume, solo e alface. As amostras de água foram colhidas numa base semanal, amostras de estrume no momento de adubação e amostras do alface no momento da colheita. As amostras dos solos foram colhidas a profundidades entre 0 e 80 cm, antes do plantio, e depois da colheita do alface.
Após análise laboratorial, os resultados mostraram que as amostras analisadas apresentaram teores de mercúrio abaixo do limite estabelecido pela FAO e Organização Mundial da Saúde, indicando que não há risco de contaminação por mercúrio pelo consumo de alface produzido na região de Infulene, não oferecendo, por isso, risco para a prática agrícola.
As pesquisadoras garantem que, por enquanto, tendo em conta os resultados obtidos, não há risco de contaminação. Entretanto, recomendam a realização de mais monitorias, por forma a detectar potenciais casos de contaminação, incluindo a presença de outros elementos.
A salada de alface faz parte da dieta alimentar, quase que diária, da população moçambicana, principalmente dos que habitam na região do grande Maputo. Geralmente, a sua preparação inclui ingredientes como óleo/azeite, vinagre/limão, tomate, cebola e sal. Todavia, nos dias que correm, muitas famílias optam por temperar a salada com caldo, em substituição do sal, uma prática repudiada de forma veemente pelo sector da saúde, devido aos efeitos nocivos deste ingrediente ao organismo.
Esta forma de juntar os ingredientes é o básico e diz respeito a capacidade financeira da maior parte das famílias. Entretanto, sabemos que, para as famílias de classe média e alta, outros ingredientes podem ser trazidos na preparação e, dependendo da criatividade, a salada de alface pode ganhar outra estética, maior valor nutritivo e sabor.
Em Maputo, o Vale de Infulene é o centro de produção de hortícolas, com destaque para o alface, cujo cultivo depende em grande medida da irrigação proveniente de fontes de água subterrânea, o rio Infulene e afluentes e da Estação de Tratamento de Águas Residuais, disponíveis no local.