Oradora defende papel da academia na promoção do patriotismo
A oradora e docente da UEM, Profª. Doutora Benigna Zimba, defendeu que, para a academia promover o patriotismo, é fundamental haver um conhecimento profundo sobre o papel que o cidadão, individual e colectivamente, desempenha na sociedade, bem como uma clareza sobre o significado da cidadania em Moçambique.
Explicou que o académico deve conhecer a realidade moçambicana, dando o exemplo de terrorismo em Cabo Delegado que, no seu entender, envolve alguns aspectos do género e direitos humanos, que merecem maior atenção e reflexão dos intelectuais.
A académica defendeu esta tese, nesta Terça-feira, no Campus Principal da UEM, durante uma palestra subordinada ao tema: “O Papel da Academia na Promoção do Patriotismo em Moçambique”, organizada pelo Centro de Coordenação dos Assuntos do Género da UEM (CECAGE), no âmbito das celebrações do Mês da Mulher.
“Cada país tem o seu nível e qualidade de patriotismo, daí que os académicos defendem a necessidade de conhecer o significado dos direitos e deveres dos cidadãos moçambicanos. Por exemplo, promover a consciência da necessidade de se votar neste ano de eleições. É extremamente importante que esta noção surja, contribuindo para a construção de diálogo a nível político, de modo a promover o bem-estar e o desenvolvimento social e económico integrado, respeitando a diversidade cultural e étnica do nosso país”, disse.
Reiterou que a noção de patriotismo no âmbito académico em Moçambique está essencialmente ligada ao amor à pátria, envolvimento nos assuntos da nação, desenvolvimento de acções que revelam o amor à nação, por exemplo, no âmbito social, promover a coesão social, lutar e pautar pela justiça social, entre outras intervenções relevantes.
“Fizemos uma pesquisa que procurava perceber como é que a academia, inserida na sociedade, pode promover o patriotismo e constatamos que é conhecer o papel que cada cidadão, individual e colectivamente, desempenha na sociedade bem como o significado da cidadania em Moçambique”.
Lembrou que, em alguns casos, há mulheres raptadas e forçadas a exercerem funções de destaque nas operações militares contra os próprios moçambicanos em Cabo Delegado.
“Estivemos, há pouco tempo, no interior desta província, onde as pessoas não têm noção do seu país. Não se tem noção do patriotismo, temos dados recentes, referentes aos deslocados, no período de Janeiro a Março de 2024, sendo que saíram de Cabo Delegado 16.217 famílias, o que corresponde a 75.375 pessoas. De Nampula, a segunda província mais afectada pelo terrorismo, saíram 8.348 famílias, o correspondente a 49.975 pessoas”.
A oradora afirmou que os dados sobre os deslocados de terrorismo fornecem uma ideia clara sobre a situação de Cabo Delegado, suscitando, igualmente, o questionamento de qual seria o papel da academia no combate aos males desse conflito.
“A nossa pesquisa diz que seria demostrar solidariedade com as vítimas do terrorismo, desenvolver actividades que visam o desenvolvimento e a melhoria das condições de vida dos moçambicanos”, descreveu.
Na ocasião, o Reitor da UEM, Prof. Doutor Manuel Guilherme Júnior, reconheceu o papel da mulher no processo de construção do país, defendendo que a universidade tem um papel crucial na educação da sociedade em geral e, particularmente, da mulher.
“Falo de educar no sentido mais amplo de formar, mas também, capacita-la para desafios que o contexto global e local lhes coloca. Esta palestra é parte deste exercício. Como sabem, a UEM é palco de produção e promoção do conhecimento, o que inclui ideias sobre a pátria moçambicana. Fizemos isso no sentido de sempre procurar construir nossa pátria”.
Reiterou que, mesmo no contexto de dificuldades, os moçambicanos devem continuar a amar a pátria, inspirando-se nos ideais de Eduardo Mondlane, que construiram o país no meio de barreiras, abstendo-se de todos males que podiam comprometer a pátria.
Por sua vez, a Directora do CeCAGe, Profª. Doutora Gracinda Mataveia, frisou que o evento se realiza num momento difícil e de tristeza no país, destacando o terrorismo que sacrifica vida de milhares de moçambicanos, na província de Cabo Delegado, bem como o impacto das inundações causadas pelo mau tempo que se verificou recentemente em algumas regiões do país. “Estas tristes situações agravam a condição de vulnerabilidade de muitas famílias moçambicanas, especialmente da Mulher, dado o seu papel sociofamiliar na manutenção da unidade e coesão da família, mesmo numa situação de extrema dificuldade”.