Vice-Reitor destaca papel do CEA na luta contra o Apartheid
O Vice-Reitor para Administração e Recursos da UEM, Prof. Doutor Joel Das Neves Tembe, disse que o Centro de Estudos Africanos (CEA) foi, de facto, um lugar de fermentação intelectual e de construção de diálogos interdisciplinares para a construção do humanismo, da justiça e harmonia social.
Explicou que o CEA se destacou, desde cedo, ao tornar-se, nos finais da década 70 e princípios de 80, em nova referência de pesquisa em ciências sociais e activismo político transnacional, em África.
“Este Centro acolheu, de uma gama variada de internacionalistas, um grupo de intelectuais e activistas sul africanos do ANC como Ruth First, Rob Daves, entre outros”, disse.
Entretanto, Ruth First, que foi Directora do Centro de Estudos Africanos, foi assassinada, em Agosto de 1982, no seu gabinete de trabalho, através de uma carta bomba, pelo mesmo regime responsável pelo ataque à Matola, pelo que, segundo o Vice-Reitor, o legado de engajamento político e académico da UEM deve ser constantemente lembrado e celebrado.
O Vice-Reitor para Administração e Recursos, que falava no evento por ocasião da celebração dos 43 anos do massacre da Matola pelo então regime do apartheid, disse que o evento deve servir de oportunidade para cimentar as relações de amizade entre dois países irmãos, bem como para educar os mais jovens e as gerações vindouras acerca da herança da libertação e da história interlaçada entre Moçambique e África do Sul.
No evento, o Dr. Pallo Jordan, que proferiu uma palestra por ocasião da efeméride, referiu que as famílias dos combatentes que pereceram no fatídico dia 31 de Janeiro de 1981, devem ser igualmente lembradas pelo seu contributo na luta contra o apartheid. “E num dia de celebração como hoje, temos que enfatizar que o sacrifício de todos que lutaram não foi em vão”, frisou.
O evento de celebração da passagem dos 43 anos de ataque à Matola, também chamado de “Dia da Amizade”, juntou, na UEM, académicos, representantes do Governo sul africano e familiares das vítimas.
Na UEM, o dia foi marcado por uma deposição de coroa de flores no memorial Ruth First e uma visita guiada ao Centro de Estudos Africanos da UEM.
O ataque do dia 31 de Janeiro de 1981, que tinha como alvo as residências dos membros do Congresso Nacional Africano (ANC), matou 17 cidadãos, entre nacionais e estrangeiros.