Desportistas e académicos destacam as qualidade humanas e profissionais de Altenor Pereira
Desportistas e académicos homenagearam, este Sábado (18.11), em Maputo, o Eng°. Altenor Pereira, antigo técnico e dirigente de futebol, com destaque para a Associação Académica de Maputo, falecido no passado dia 14 de Novembro, vítima de doença, na África do Sul.
Durante o velório decorrido no Campus Principal da UEM, precisamente no Complexo Desportivo que ostenta o seu nome, os intervenientes enalteceram as qualidades humanas e profissionais de Altenor Pereira, cuja principal missão era manter vivo o sonho da prática desportiva na academia.
O Governo fez-se representar pelo Secretário de Estado do Desporto,rlos Gilberto Mendes, que reconheceu a valiosa contribuição do finado, entre outros, na elaboração da nova Lei do Desporto, cuja aprovação oficial, pela Assembleia da República, aconteceu, em 2022, que se espera venha a contribuir para o desenvolvimento do desporto nacional.
Segundo Carlos Gilberto Mendes, Altenor Pereira defendia a adopção de políticas e programas audaciosos e exigíveis ao nível escolar e recreativo, incluindo o desporto no trabalho, bem como o investimento em recursos humanos qualificados, que compreende a formação de dirigentes e técnicos, investimento em instalações desportivas como estádios e campos polivalentes que fossem de fácil gestão e manutenção.
Referiu que o Governo agradece os feitos de Altenor Pereira e manifesta a sua prontidão em continuar a trabalhar para materializar tudo que o finado perseguiu em vida como dirigente desportivo e atleta.
Na sua intervenção, a Vice-Reitora Académica da UEM, Profª. Doutora Amália Uamusse, explicou que foi em reconhecimento do seu inestimável contributo que, em sua homenagem, a UEM decidiu, em 2015, atribuir o seu nome ao Complexo Desportivo.
Lembrou que, devido às suas grandes obras e ao engajamento activo e exemplar o Eng°. Altenor Pereira foi membro do Conselho da Escola Superior de Ciências do Desporto (ESCIDE), órgão máximo e deliberativo daquela unidade, desde a sua criação, em 2010, até a data da sua morte.
No momento de despedida e perante a todos os presentes, a Vice-Reitora reafirmou o comprometimento da Universidade em tudo fazer em prol de uma sociedade justa, harmoniosa e igualitária, desenvolvida com base numa das premissas que o finado abraçou e defendeu, o desporto.
“A UEM reconhece com orgulho e também com saudade prematura que foi graças à sua iniciativa que permitiu que fôssemos, hoje, a universidade pioneira na valorização e adopção do desporto de alta competição, em meio universitário, como factor de socialização e de formação integrada do capital humano nas diversas modalidades competitivas”, disse.
Em representação da Associação Académica de Maputo, Dr. Mahomed Valá, disse que o Presidente Altenor Pereira foi muito mais do que um atleta, técnico e dirigente desportivo, foi um mentor apaixonado, um líder inspirador e um exemplo de dedicação incansável ao desporto.
“A sua visão, a habilidade de liderança e ética de trabalho influenciaram não apenas aos atletas que treinou, mas a todos que tiveram o privilégio de trabalhar com ele”, disse.
Representando os atletas de todas as gerações treinados pelo então técnico Alternor Pereira, o Mestre Cremildo Goncalves, lembrou que foi após a assinatura dos Acordos de Lusaka, em Setembro de 1974, num contexto político e social conturbado, que o finado iniciou o processo de resgate da Académica como clube desportivo, já desintegrado da Universidade de Lourenço Marques.
“Mas esse resgate não foi fácil, o Altenor aparaceu no Mafalala, onde eu residia, para me dizer que o Académica ainda não acabou. Naquele dia, andamos em todos os subúrbios de Lourenço Marques para avisar a todos os jogadores que o Académica não tinha acabado”, frisou.
Ao descrever o pai, Tatiana, filha de Altenor Pereira, tratou-o como um homem que construiu barragens e pontes, mas que, ao mesmo tempo, inspirou centenas de atletas. “O nosso pai e a nossa mãe deram-nos, como raízes, o respeito pelo próximo, a importância da verdade e a paixão pelo nosso país, Moçambique, disse”.
O velório em homenagem a Altenor Pereira foi bastante concorrido, particularmente por treinadores e dirigentes desportivos. Após o velório, o corpo seguiu para cremação, em cerimónia privada.
Natural de Quelimane, Zambézia, Altenor iniciou sua trajectória atlética no Benfica local, destacando-se em natação e hóquei em patins, modalidades nas quais seu pai foi dirigente.
No período de 1960 a 1968, Altenor estudou na Universidade de Coimbra, Portugal, graduando-se em Engenharia Civil. Altenor Pereira Deixa viúva e duas filhas.