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Oradores defendem reforço do diálogo público-privado

PARA MELHORAR A BASE TRIBUTÁRIA

Economistas defenderam o reforço do diálogo com o sector privado, como forma de melhorar o ambiente de negócios em Moçambique.  Indicaram a falta de empresa nacional competitiva em preço e qualidade como indicador da ausência de alinhamento entre o modelo de ensino superior e as necessidades do mercado.

As reflexões foram apresentadas durante o simpósio “50 Anos da Independência de Moçambique: A Contribuição da Faculdade de Economia da UEM para o Pensamento Económico Nacional, Desafios e Perspectivas”, onde os oradores lançaram um apelo à consciência nacional sobre o papel dos moçambicanos no desenvolvimento económico do país.

 “À medida que vamos andando, o ponto é: onde é que está o nacional dentro da economia? Temos quatro mil e quinhentos formados em economia e, ainda assim, o país continua à procura do seu rumo. O que se deve fazer?”, questionou Prakash Ratilal, antigo governador do Banco de Moçambique.

Ratilal disse que, com o desenvolvimento da indústria esportiva, urge maior necessidade de adicionar os recursos na economia endógena para o desenvolvimento de projectos nacionais das pequenas e médias empresas. “Caso contrário, não chegaremos a nenhum lugar e continuaremos a lamentar”, alertou.

Para Luísa Diogo, antiga Primeira-Ministra, o Estado deve manter uma relação equilibrada e cuidadosa com os contribuintes, especialmente em períodos de crise, como aconteceu durante a guerra, quando a base produtiva do país estava destruída.

“Naquela altura, nas finanças, era uma festa quando conseguíamos pagar salários a tempo e horas. Muitas vezes, tínhamos de ter uma relação muito atenta com os contribuintes”, recordou. Diogo enfatizou que o Estado não deve apenas focar-se na cobrança de impostos, mas também na construção de um diálogo construtivo com o sector privado.

“Por vezes, parece que o diálogo nos faz perder tempo, mas, quando chega a fase da implementação, percebemos que valeu a pena, porque fazemos aquilo que foi preparado em conjunto”, defendeu.

Por seu turno, Adriano Maleiane, ex-Ministro da Economia e Finanças, revelou que o país tem défice de empresários. “Faltam empresários e quem tem de fazer isso somos todos nós. Segundo a última estatística, nós tínhamos 1364 associações e igrejas, mas as empresas anónimas eram cerca de 1200, o que quer dizer que há mais igrejas que empresas. Como vamos crescer assim?”, questionou.