Universidade Eduardo Mondlane

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Continuarei ligado à minha casa mãe

Joel das Neves Tembe despede-se, mas com um livro de memórias na forja

Num discurso de despedida profundamente emocional, pontuado por momentos de alegria e gratidão, o Vice-Reitor cessante da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Prof. Doutor Joel das Neves Tembe, fez uma verdadeira viagem ao passado para revisitar a sua trajectória académica e profissional, maioritariamente vivida dentro da instituição.

Com a voz carregada de emoção, Tembe recordou que a sua “porta de entrada” na UEM foi a Faculdade de Educação, tendo, posteriormente, passado pela Faculdade de Letras e Ciências Sociais (FLCS) e, mais tarde, pelo Arquivo Histórico de Moçambique (AHM), onde se firmou como gestor, sem nunca abandonar a docência e a investigação na FLCS. “Tive o privilégio de trabalhar com todos que compõem a nossa galeria, desde o Prof. Fernando Ganhão, passando pelo Prof. Orlando Quilambo e, agora, com o Prof. Manuel Guilherme Júnior”, disse.

Na hora do adeus, o Vice-Reitor cessante prometeu escrever um livro de memórias sobre o seu percurso académico e profissional, maior parte do qual vivido na UEM.

Referiu que este longo caminho lhe permitiu crescer “em termos éticos, académicos e profissionais”, defendendo sempre o interesse coletivo, “por vezes sacrificando a própria carreira em outros contextos profissionais do país”, confessou. “Estive sempre presente na Universidade, assumindo o compromisso com os estudantes e com a academia”, frisou.

No rol dos agradecimentos, Joel das Neves Tembe começou por dirigir palavras de apreço ao Reitor da UEM, Prof. Doutor Manuel Guilherme Júnior, pela colaboração durante o período em que trabalharam juntos.

“Procurámos recolocar a Universidade nos caminhos do cumprimento integral do Plano Estratégico e também reforçar o compromisso institucional e a melhoria da gestão num contexto de austeridade”, destacou.

A Vice-Reitora Académica, Prof.ª Doutora Amália Uamusse, mereceu igualmente palavras de reconhecimento, sendo descrita por Tembe como “um exemplo de liderança feminina no ensino superior”.

Não se esqueceu do antigo Reitor da UEM, Prof. Doutor Orlando Quilambo, com quem desenhou o Plano Estratégico e actualizou os símbolos da Universidade. “Antes de ser Vice-Reitor deu-me muitas tarefas, fui porta-voz e, até, fui a debates em nome dele”, recordou, em tom de humor e gratidão.

Os agradecimentos estenderam-se também aos directores das unidades orgânicas, parceiros de várias batalhas de gestão e de mobilização de recursos em momentos particularmente difíceis, sobretudo durante o período da Covid-19 e da crise financeira que afectou o país. “Foi um período desafiante, mas juntos conseguimos manter a Universidade em funcionamento e cumprir a missão do ensino, da investigação e da extensão”, destacou.

O Prof. Joel Tembe recordou as várias visitas realizadas às unidades da UEM, descrevendo-as como “debates, alguns muito difíceis, mas que se transformaram em aprendizagens gratificantes”. “Foi o período que aproveitei para conhecer todo o património da Universidade, desde a Ilha da Inhaca, Changalene e outros”, disse.

Teceu ainda palavras de reconhecimento às equipas administrativas, nomeadamente à Direcção de Administração do Património e Desenvolvimento Institucional (DAPDI), à Direcção de Finanças e à Direcção de Logística e Aprovisionamento (DLA). Reconheceu que, embora muitas vezes alvo de críticas, “tudo fizeram para manter a Universidade de pé”, enfrentando problemas de dívidas com fornecedores, escassez de água e energia e a constante luta junto da Direcção Nacional do Tesouro, para garantir fundos de funcionamento. “Nem sempre foi possível satisfazer a totalidade das necessidades, mas conseguimos manter viva a chama da Universidade”, afirmou.

Após 25 anos de serviço à UEM, sendo 21 como membro do Conselho Universitário, Joel das Neves Tembe considera que é tempo de descansar, mas garante que continuará ligado à Universidade, sobretudo à sua “casa mãe, a FLCS”. “É tempo para descansar, mas prometo manter a minha colaboração com a Faculdade de Letras e Ciências Sociais, onde tudo começou”, concluiu, sob aplausos.