
UEM debate urgência de reforçar prevenção do HIV entre estudantes
SEMANA DE GÉNERO 2025
A Semana de Género 2025 abriu, esta Segunda-feira (01/12), com um alerta claro lançado pelos oradores da Mesa Redonda sobre Diálogo e Estratégias Eficazes de Prevenção do HIV: a Universidade Eduardo Mondlane precisa intensificar, de forma estratégica e contínua, a prevenção do HIV no ambiente académico, onde adolescentes e jovens permanecem entre os grupos mais vulneráveis.
Organizado pelo Centro de Coordenação dos Assuntos de Género da UEM (CeCAGE), o encontro juntou profissionais de saúde, gestores universitários, estudantes e activistas sociais, numa reflexão marcada por dados preocupantes e recomendações práticas para fortalecer a resposta dentro da instituição.
A pediatra e activista social Talcita Nhamposse sublinhou que o meio universitário continua a ser um dos espaços onde os comportamentos de risco se intensificam, tornando essencial uma abordagem de prevenção inovadora e adaptada à juventude.
Segundo Nhamposse, o reforço de serviços de aconselhamento, testagem regular e educação sexual baseada em evidências científicas deve ser central na estratégia da UEM. “A implementação de auto-testes nas universidades é também uma boa estratégia. O académico ou o estudante universitário deve liderar a luta contra esta doença que dizima vidas de milhares de moçambicanos”, defendeu.
A médica destacou, ainda, que as mulheres continuam mais expostas ao risco de infecção, devido a factores estruturais que vão desde a violência sexual à pobreza, passando pela limitação no acesso à informação e serviços de saúde.
Para Cornélio Balane, representante da Direcção dos Serviços Sociais, as acções de prevenção da UEM têm sido eficazes, principalmente nas residências. Contudo, alertou que o impacto do álcool e outras drogas no comportamento sexual dos jovens impede que a mensagem preventiva alcance o efeito desejado. “Não é fácil falar do preservativo, num ambiente onde há muitos outros factores que influenciam a ignorância dos riscos de contaminação”, explicou.
Balane trouxe, ainda à tona, realidades muitas vezes ocultas no meio académico:
a presença de estudantes envolvidos no trabalho sexual e de homens que fazem sexo com homens (HSH), grupos que exigem acompanhamento especializado, sigiloso e humanizado.
Encerrando o painel, o Vice-Reitor para Administração e Recursos, Prof. Doutor Mohsin Sidat, reforçou que o combate ao HIV ultrapassa o campo clínico: é também uma missão ética, educativa e institucional. “A universidade é um espaço de produção de conhecimento, mas também de construção de valores. O HIV deve ser abordado de forma transversal, envolvendo ciência, saúde, inovação social e a participação activa dos estudantes”, exortou.
Sidat lembrou que, apesar dos progressos registados, adolescentes e jovens, sobretudo raparigas, permanecem no centro da epidemia, e que cabe à UEM assumir um papel de referência na promoção da saúde pública universitária.
Em Moçambique, das 44 mil pessoas que morreram vítimas de SIDA, em 2024, dez mil são crianças com idades compreendidas entre os 0 e 14 anos. No mesmo período, o país registou 92 mil novas infecções, das quais 34 mil foram em adolescentes e jovens, o que corresponde a 37 por cento do total de novas infecções.
Para dar resposta a esta preocupação mundial, a UEM tem vindo a realizar pesquisas, seminários e em estudos avançados outras formas.
A UEM, através da Faculdade de Medicina, do Instituto Nacional de Saúde (INS) e de vários centros de investigação, tem liderado estudos fundamentais para a compreensão da epidemia no país, com destaque para a realização de estudos epidemiológicos e clínicos que alimentam decisões governamentais; participação em projectos internacionais sobre prevenção, tratamento, resistência viral e impacto social do HIV; contribuição para grandes inquéritos nacionais como o INSIDA/PHIA, que medem a prevalência e incidência do HIV; investigação multidisciplinar sobre determinantes sociais, género, juventude universitária e vulnerabilidades.
