IV CONFERÊNCIA DA RHSSA
Arlindo Chilundo questiona impacto da ajuda externa
O docente e investigador da UEM, Prof. Doutor Arlindo Chilundo, defendeu que as políticas macroeconómicas implementadas pelas instituições de Bretton Woods, em Moçambique e Angola, não têm produzido os efeitos desejados e que apenas beneficiam cidadãos dos países ocidentais.
O antigo governante falava, na Quarta-feira, durante a IV Conferência da Sociedade de História Regional da África Austral (RHSSA), acolhida pela Faculdade de Letras e Ciências Sociais da UEM. O evento teve como abjectivo apresentar uma avaliação crítica do percurso histórico da região no período pós-colonial e promover reflexões sobre caminhos alternativos para o futuro.
Na qualidade de orador principal, Chilundo questionou o neoliberalismo, que se apresenta como promotor do desenvolvimento humano e da boa governação, mas que, segundo afirmou, não tem demonstrado resultados efectivos na melhoria das condições de vida das populações dos países subdesenvolvidos.
Sublinhou ainda que os recursos naturais, frequentemente vistos como garantia de desenvolvimento, têm contribuído para o aumento da corrupção, da má governação e das desigualdades económicas. “Moçambique e Angola celebram, este ano, 50 anos de independência política e, ainda assim, a liberdade económica continua fora do alcance de milhões de cidadãos”, disse.
Por sua vez, o Director da Faculdade, Prof. Doutor Samuel Quive, afirmou que, além de criar e fortalecer laços académicos, a conferência contribui para descolonizar os paradigmas de investigação na área de História. “A descolonização é um elemento essencial, sobretudo porque os nossos países estão independentes há 50 anos e os índices de analfabetismo continuam ligados ao legado do colonialismo”, destacou.
Acrescentou que o modelo de governação e o subdesenvolvimento destes países também estão profundamente relacionados com a herança colonial, razão pela qual acredita que a conferência cria espaço para que académicos e decisores políticos assumam responsabilidades e adoptem estratégias para enfrentar estes desafios.
A conferência, que contou com a presença de académicos, investigadores e especialistas de diversas instituições de ensino superior da África Austral e de outras regiões do mundo, coincide com a celebração dos 50 anos das independências de Angola e Moçambique, eventos que foram determinantes para o novo rumo político e social do continente africano.
