“Insuficiência de recursos enfraquece qualidade do Ensino Superior em África”, afirma o Reitor
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- Criado em 19-11-2015
O Reitor da Universidade Eduardo Mondlane, Prof. Doutor Orlando Quilambo, disse ontem, 18 de Novembro, que o processo de massificação do Ensino Superior no país e no continente africano tem sido vítima de críticas severas pelo facto de este não ser acompanhado de recursos suficientes como infra-estruturas e pessoal docente qualificado. A superlotação das salas de aula e a insuficiência do material didáctico são outro factor causador da fraca qualidade neste sub-sistema do ensino.
Falando em palestra, intitulada "A Necessidade de Expansão do Ensino Superior em Moçambique", afirmou que em maior parte dos países africanos o rácio situa-se de 1 docente para 118 estudantes contra 1 para 10 estudantes em países considerados desenvolvidos. Segundo o Reitor, a superlotação afecta a produção do conhecimento, visto que o docente não dispõe de tempo para as actividades de investigação e como consequência este apenas reproduz o conhecimento produzido. Por isso, muitas instituições africanas produzem graduados mas são incapazes de produzir conhecimento.
Nos últimos anos Moçambique e o continente africano têm conhecido um crescimento acelerado de instituições de ensino superior, como consequência da maior procura por este nível de ensino. Quilambo apontou a democratização, universalidade, economia de mercado e a globalização como razões que justificam a expansão do Ensino Superior.
“Mas, apesar do seu crescimento, as taxas brutas de ingresso ao ensino superior ainda são muito baixas, pois, há muito mais alunos que não conseguem entrar no sistema. No caso de Moçambique, os números indicam 150 mil estudantes em todo o país que frequentam o ensino superior. Este número é insignificante se comparado com o total da população, cerca de 24 milhões de habitantes”.
O orador reconheceu ser inevitável a massificação do ensino superior mas que podem ser encontradas medidas para a sua gestão. “O ideal seria nós pararmos, reflectirmos e vermos que caminhos podemos seguir, ao invés de continuarmos a fazer as coisas sem saber onde vamos", disse.Defendeu que a massificação deve ser planificada e diversificada para evitar efeitos nefastos. Apontou algumas estratégias que passam pela diversificação dos cursos, para evitar que todas as instituições façam a mesma coisa e ofereçam mesmos cursos. Falou da necessidade de existência de universidades que se dedicam apenas a investigação, pois, segundo disse, a investigação produz conhecimento que leva ao crescimento económico. Assim, o país sairia de uma situação em que as instituições apenas produzem diplomas para um cenário de produção do conhecimento efectivo.
“A organização curricular e a formação psicopedagógica podem igualmente evitar os efeitos nefastos de uma massificação não planificada”.
Na sua explanação, o Reitor fez uma reflexão em torno da taxa dos graduados do ensino superior versus sua empregabilidade tendo afirmado que a taxa de desemprego situava-se na casa dos 13 por cento, até 2009, altura em que foi produzido um estudo a esse aspecto.
Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), de Fevereiro deste ano, revelam que, em Moçambique, 39 por cento da população encontra-se desempregada.