60 porcento da população ainda não dispõe de serviços bancários
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- Criado em 17-09-2015
Moçambique tem conhecido uma rápida expansão das instituições bancárias, contudo, 60 porcento da população, das zonas rurais, não dispõe de uma conta bancária e 75 porcento das pequenas e médias empresas (PME) não usa qualquer tipo de produtos ou serviços financeiros.
As afirmações são do Dr. Félix Simione, Economista da Missão Residente do FMI em Moçambique, que falava em palestra ontem (16 de Setembro) na Faculdade de Economia da Universidade Eduardo Mondlane, nas jornadas Científicas que decorrem desde dia 15 na UEM.
O palestrante acrescentou que apesar de expansão também de meios de pagamento eletrônico e instituições microfinanceiras no país, a inclusão financeira ainda é deficiente. Apontou como causas a existência de rendimentos baixos e irregulares, a baixa densidade populacional nas zonas rurais e a precariedade das infraestruturas, o que implicaria por parte dos bancos baixo alcance marginal de clientes.
Segundo a fonte, o acesso aos serviços financeiros é um dos indicadores do bem- estar das pessoas. A falta deles significa a existência de recursos financeiros que não podem ser intermediados por um sistema normal financeiro e “perde-se aqui uma oportunidade de trazer esses fundos que podem gerar um efeito multiplicador para o resto da economia”, disse.
Em relação às Pequenas e Médias Empresas, que não dispõem de qualquer tipo de serviços financeiros, Félix Simione explicou que este facto constrange as perspectivas de crescimento dessas empresas, com implicações para geração de emprego, contribuição fiscal para o estado e implicações para a economia em geral.
Para inverter este cenário, o Banco de Moçambique tem estado a elaborar uma série de medidas políticas como o Plano Estratégico de Inclusão Financeira actualmente em debate envolvendo outras instituições financeiras do país, a aprovação, em 2013, da Estratégia de Desenvolvimento Financeiro, entre outras. “Agora o grande desafio é a implementação disso para resolver os constrangimentos de inclusão financeira”, frisou.
Simione proferia uma palestra a estudantes da Faculdade de Economia sobre a "Inclusão Financeira em Moçambique" e afirmou que a indústria bancária nacional é pouco competitiva, com uma estrutura assentada apenas em créditos e depósitos. Como consequência dessa concentração são as elevadas taxas de juro que dominam o mercado financeiro.
Actualmente, 18 bancos operam no mercado moçambicano. Destes, apenas três, considerados os maiores bancos do país, detém 83 porcento de todo o crédito bancário, cabendo aos restantes 15 bancos, 17 porcento do crédito.
Dados do Banco de Moçambique indicam que o país tem cerca de 600 agências bancárias contra 228 balcões, em 2005.
As jornadas científicas da UEM tiveram o seu início no dia 15, na Faculdade de Educação, onde o Prof. Doutor Francisco Januário, daquela Faculdade, proferiu uma palestra com o tema "Um olhar histórico aos 40 anos de desenvolvimento da educação em Moçambique". Na ocasião, falou dos vários momentos que marcaram o sistema educacional do país, desde a independência nacional em 1975 até aos dias actuais.