“Na investigação aprende-se mais do que se espera”
- Detalhes
- Criado em 04-05-2023
- Izilda Matimbe, graduada em Biologia e Saúde
Recentemente graduada em Biologia e Saúde pela Faculdade de Ciências, Virgínia Matimbe, 22 anos de idade, natural de Maputo, é assistente de investigação na Faculdade de Medicina, onde já participou em diversos projectos de investigação.Abraçou a investigação por paixão, movida pela vontade de aprender, e afirma que nela se aprende mais do que se espera.
Quando é que pensou em cursar Biologia e Saúde?
Desde pequena, quis fazer algum curso relacionado com saúde. A primeira opção sempre foi Medicina (queria ser pediatra), depois, pensei em Psicologia, mas a linha sempre foi saúde. No entanto, quando decidi concorrer, fiquei na dúvida se colocaria Medicina, como primeira opção, ou Biologia e Saúde. Porém, decidi colocar Biologia e Saúde como primeira opção e Biologia Aplicada como segunda opção e admiti para frequentar este curso. Acredito que escolhi bem, pois, ao longo do tempo, apaixonei-me mais pelo curso.
Tinha ideia do que iria encontrar na Faculdade?
Para ser sincera, quando comecei a frequentar o curso, não sabia muito bem o que encontraria. Fiz algumas pesquisas superficiais sobre o curso e também ouvi relatos de uma amiga da minha prima, que frequentava o curso. Existe muito o pensamento de que quem faz Biologia e Saúde basicamente trabalha em laboratórios de análises clínicas e laboratoriais, mas o curso é muito mais abrangente. Dá-nos competências e a possibilidade de trabalhar na área de investigação (área na qual trabalho no presente momento), que tem contribuído muito na área de Saúde e não só.
Actualmente, Izilda trabalha como assistente de investigação e tem participado em diversos projectos de pesquisa. Como é que surge o interesse pela investigação?
Através de artigos científicos que lia para realizar trabalhos da faculdade. Os docentes desempenharam um papel importante de incentivar a realização de trabalhos de pesquisa. O interesse pela investigação aumentou na altura em que comecei a fazer o trabalho para obtenção do grau de licenciatura. Nessa altura, aprendi muito mais sobre a investigação estando no “terreno”, através dos meus supervisores, que sempre estavam à disposição para orientar e corrigir quando necessário e, também, com os investigadores do Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Medicina, onde realizei o trabalho. Desde então, sigo trabalhando na mesma área, atenta a novos desafios e disposta a aprender.
Haverá algum projecto em especial que a tenha agradado?
Todos os projectos nos quais trabalhei foram interessantes, cada um deles tem uma particularidade, algo mais por aprender. Algo interessante nos projectos é que se aprende mais do que o esperado, não se aprende somente aspectos técnicos da pesquisa. Isto acontece principalmente quando o projecto envolve o contacto com pessoas, pois é necessário procurar compreender a pessoa, acolher quando necessário, ser um bom ouvinte, ou seja, ter empatia, principalmente quando envolve questões de saúde ou aspectos sensíveis da pessoa. Não se pode focar somente nos objectivos da pesquisa, mas também respeitar as vontades e direitos das pessoas que, provavelmente, serão abrangidas pelo projecto e não só.
No ano passado, beneficiou de uma formação de curta duração na Universidade de Cabo, África do Sul, sobre sobre vacinação em África. O que achou do curso? Que experiências colheu?
O curso foi muito bom e importante para a minha formação como investigadora. O curso abrangeu muitos países de África, envolvendo muitos investigadores africanos, onde se pode interagir, falar dos desafios que ainda temos de enfrentar no que concerne à vacinação em África e, não menos importante, falar também dos avanços que já se podem notar. Pude aprender bastante com os oradores lá presentes e, também, com os investigadores que faziam o curso juntamente comigo. Através do curso, pudemos avaliar o cenário da vacinação em África e projectar possíveis soluções para os desafios que ainda persistem e criar links entre os investigadores africanos.
Está no início de carreira, o que o país pode esperar de si?
O país pode esperar de mim muita dedicação e empenho, na busca para melhorar a saúde da população, promovendo, assim, maior qualidade de vida para todos. Espero ajudar a responder aos desafios que temos enfrentado com o surgimento de novas doenças infecciosas e não só e também tentar contribuir consideravelmente na luta para a erradicação de algumas doenças, sendo que, algumas delas, podem ser prevenidas, através da vacinação. Algumas vezes, a vacinação constitui um tabu para a população e algumas crenças impedem a população de aderir a essas campanhas. Tem que se fazer um trabalho de base com a população, com vista a desmistificar certas crenças, respeitando, também, a cultura de cada um.