IV Jornadas Científicas debate Ciências de Comunicação, Informação e Artes e suas relações na pesquisa científica
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- Criado em 15-11-2022
A Escola de Comunicação e Artes da UEM (ECA) realizou na terça-feira (8/11) as IV Jornadas Científicas para apresentação e debate de trabalhos de investigação levados à cabo por estudantes e docentes daquela unidade. Ao todo foram apresentados 46 trabalhos científicos dos níveis de licenciatura, mestrado e doutoramento.
Na abertura do evento, o Director daquela unidade, Prof. Doutor Eduardo Lichuge, destacou a relevância das artes e comunicação para solucionar problemas da sociedade, incluindo para as questões globais como as mudanças climáticas.
Acrescentou que só com o diálogo entre as diferentes áreas de conhecimento é possível construir uma sociedade com melhor entendimento, melhore diálogo e melhores espaços para reflexão.
No painel principal que debateu sobre ciências de informação, Comunicação e Artes e a sua relação com a pesquisa científica, o Prof. Doutor Manuel Mangue, que falou sobre as Ciências de Informação em Moçambique, fez uma resenha dos principais marcos da implantação desta disciplina, a partir da década 90, com a formação dos primeiros quadros de nível médio e, posteriormente, a formação de técnicos de nível superior a partir de 2009, com criação de um curso superior pela ECA.
No painel sobre estudos de audiências, o Mestre Mário Fonseca apresentou uma proposta metodológica para a reconstituição histórica das audiências em Moçambique, referindo-se à necessidade de iniciar estudos neste campo.
O académico referiu-se ao facto de tanto a imprensa moçambicana como a academia terem sempre deixado para o último plano o público e a audiência como resultado da herança colonial e do regime de partido único. Referiu-se que, ainda que a imprensa em Moçambique exista desde 1854, na verdade ela sempre serviu a um grupo de privilegiados, sendo sua abordagem virada essencialmente para uns poucos privilegiados, facto que sempre foi omitido pelos estudos de media. Para o orador a compreensão das audiências de hoje passa por uma melhor compreensão das audiências do passado e da forma como estas foram sendo conceptualizadas pelo jornalismo ao longo do período colonial e pós-colonial.
Foram também abordados temas sobre análise de coberturas jornalísticas, relações públicas e comunicação corporativa, acesso a informação, entre outros.
Na sequência, o Dr. Ratmir Cuna, chamou à atenção para a necessidade de a partir de reflexões locais debater sobre o tipo de modelos de comunicação ou paradigmas que os centros de pesquisa podem propor para a arena do diálogo. Porque no seu entender, Moçambique continua uma sociedade rural, mas as pesquisas realizadas estão ancoradas em teorias hegemónicas que são incapazes de captar especificidades locais. Nesse sentido, para o orador, urge encontrar modelos de comunicação locais.
Disse que quando os pesquisadores se deslocam ao terreno se deparam com especificidades locais no meio rural onde a comunicação ainda se baseia na perspectiva da oralidade, aí se percebe que as teorias hegemónicas não são capazes de interpretar tais perspectivas locais. “Quando a comunicação acontece através de sonhos ou através de animais, não somos capazes de captar e levamos a academia como exemplos e não como modelos locais de comunicação”, disse.