
GCCC desafia ESCIDE a reforçar integridade
CORRUPÇÃO NO DESPORTO
A Escola Superior de Ciências do Desporto (ESCIDE) foi desafiada a assumir um papel de destaque na promoção de um sector desportivo mais transparente e livre de práticas corruptas. O apelo foi lançado pela técnica do Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC), Mira Marivate, durante a palestra “Corrupção no Desporto”, realizada quinta-feira (04/12), em Maputo, no âmbito das celebrações do Dia Internacional de Combate à Corrupção.
Segundo Marivate, o desporto moçambicano enfrenta riscos sistemáticos que comprometem a sua missão social, entre os quais favoritismo na selecção de atletas, manipulação de resultados, desvio de fundos, conflitos de interesse e gestão financeira pouco transparente. Para a representante do GCCC, essas práticas “minam a confiança das comunidades, prejudicam talentos verdadeiros e reduzem a credibilidade das competições”.
A oradora apresentou exemplos recorrentes detectados em federações e clubes nacionais, como atletas convocados por afinidade familiar com dirigentes, árbitros subornados para influenciar resultados e patrocínios cujos valores não são divulgados na totalidade. Nos casos mais graves, disse, dirigentes utilizam recursos destinados a treinos, estágios e equipamentos para fins pessoais.
Marivate defendeu a adopção de mecanismos claros de governação e integridade no desporto, destacando a importância da criação de códigos de ética, auditorias externas, publicação de regulamentos, critérios públicos de selecção de atletas e divulgação detalhada de orçamentos e patrocínios. Sublinhou também a necessidade de separar funções de decisão, fiscalização e avaliação, de modo a evitar concentrações excessivas de poder dentro das federações. “Devem adoptar práticas que tornem os processos claros e auditáveis, como, publicação de regulamentos, calendários e resultados; critérios públicos para selecção de atletas; divulgação de orçamentos e gastos de eventos; registo claro de patrocínios, prémios e despesas”, vincou.
Durante a sessão, o Director da ESCIDE, Mestre Paulo Gumende, reconheceu a relevância do debate e desafiou os estudantes de pós-graduação a contribuírem com propostas que ajudem a reduzir práticas corruptas nas organizações desportivas nacionais. Para o académico, a formação ética deve acompanhar a formação técnica, uma vez que os actuais estudantes serão, no futuro, responsáveis pela gestão do desporto moçambicano.
A iniciativa, organizada pela ESCIDE em parceria com o GCCC, faz parte de um esforço nacional para reforçar a integridade em sectores estratégicos e sensibilizar os jovens para a importância da ética e da prestação de contas. Para Marivate, o envolvimento da academia é decisivo: “Se queremos um desporto justo e competitivo, precisamos de gestores e dirigentes que actuem com transparência desde o primeiro dia”.
A sessão terminou com um apelo à juventude estudantil para adoptar práticas transparentes no quotidiano académico e desportivo, reforçando a mensagem central da palestra: “Jogue de forma transparente, faça a diferença”.
