
Estudantes desenvolvem soluções tecnológicas contra o tráfico de pessoas
A Faculdade de Ciências acolheu, recentemente, a apresentação e avaliação de propostas de soluções tecnológicas para prevenir e combater o tráfico de pessoas em Moçambique, criadas por estudantes da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e de outras instituições de ensino superior do país.
No total, foram desenvolvidos trinta protótipos no âmbito do Programa HACKATHON, uma iniciativa do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e da Knowledge Foundation. O programa tem como objectivo reduzir a vulnerabilidade às táticas de tráfico online e reforçar os esforços de prevenção a nível individual, familiar e comunitário.
Entre as inovações apresentadas, três projectos destacaram-se pela criatividade, qualidade e aplicabilidade, alcançando as melhores pontuações e classificando-se entre o primeiro e o terceiro lugares.
O grupo vencedor, premiado com computadores portáteis e certificados de reconhecimento, desenvolveu uma plataforma integrada que utiliza tecnologias Web, USSD e um aplicativo móvel para telefones de baixo custo, popularmente conhecidos como “bombinhas”.
A iniciativa visa capacitar, treinar e oferecer acompanhamento psicológico às vítimas de tráfico humano, promovendo a sua reinserção segura na sociedade.
“A plataforma Web servirá para o cadastro, o aplicativo para a aprendizagem e o USSD para facilitar a comunicação com as vítimas, tendo em conta que muitas pessoas ainda têm acesso limitado à internet”, explicou Isanete Sitoe, representante do grupo.
A Directora-adjunta de Pós-graduação da Faculdade de Ciências, Dinelsa Machaieie, elogiou os projectos e incentivou a continuidade do trabalho. “As nossas ideias não podem parar por aqui, pois as comunidades vulneráveis continuam a sofrer com este mal”, destacou.
Para António de Vivo, representante do UNODC, o programa, realizado pela primeira vez em Moçambique, tem potencial para estimular o desenvolvimento de soluções concretas para diversos desafios sociais, além de criar oportunidades de formação e emprego para os estudantes.
Na mesma linha, Ângela Massango, representante da Procuradoria-Geral da República, sugeriu a união dos grupos para desenvolver um projeto mais robusto e abrangente. “O crime de tráfico de pessoas é altamente organizado e lucrativo, o que dificulta o seu rastreamento. Os projectos apresentados podem ser aproveitados não só para combater este crime, mas também outros de natureza semelhante, permitindo que as vítimas denunciem por meio das ferramentas tecnológicas propostas”, afirmou.
