
Especialista propõe criação de estrutura de gestão da ética na UEM
Num contexto de profundas transformações na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), a especialista em ética organizacional Jovita Fazenda defendeu, na Sexta-feira (15/08), a criação de uma estrutura interna dedicada à gestão da ética. O encontro, que reuniu directores de unidades e assessores do Magnífico Reitor, debateu os desafios da ética institucional no ensino superior.
Segundo Fazenda, a ética não deve ser entendida como algo abstracto, mas como uma prática concreta que precisa de gestão, acompanhamento e liderança comprometida. “A ética não se gere por si própria dentro da organização, ela é gerida por pessoas específicas que ajudam a moldar comportamentos e ajustá-lo aos princípios da instituição”, afirmou.
A oradora destacou que, embora possa ser centralizada numa unidade específica, a gestão da ética deve incluir pontos focais em todas as áreas da universidade, de modo a garantir uma aplicação transversal. Cabe à unidade central a elaboração de planos de implementação e a definição dos tópicos a abordar – explicou.
Fazenda também lembrou que os líderes desempenham papel decisivo. “A ética deve ser um compromisso de quem lidera qualquer estrutura organizacional, cabendo a este definir o tom ético para o órgão de gestão e para a organização, promovendo uma liderança ética e a criação de uma cultura ética na organização”, frisou, acrescentando que este processo deve estar alinhado com os princípios clássicos de gestão.
No seu discurso, elencou os riscos da ausência de ética, entre eles a fraude, corrupção, escândalos e responsabilização legal, bem como a perda de confiança de parceiros e clientes. Por outro lado, a promoção da ética gera benefícios como reputação sólida, confiança, lealdade, motivação dos funcionários e sustentabilidade institucional – assegurou a palestrante.
A especialista foi incisiva ao questionar como garantir que os valores da UEM se tornem efectivos no dia a dia: “Como é que nós garantimos que os funcionários da UEM entendem o que é o valor da honestidade para instituição, sabem recuar quando estão numa situação em que podiam expor a instituição a um risco reputacional, legal ou financeiro?”.
Fazenda reforçou que o verdadeiro desenvolvimento organizacional só ocorre quando todos os membros da comunidade universitária sentem os impactos positivos. “Até pode parecer que a organização está a crescer, mas, a médio e longo prazo, terá um impacto negativo sobre toda a organização”, advertiu.
Para si, a conduta dos funcionários não pode ser reduzida apenas a punições ou recompensas, pois tais medidas não são suficientes para transformar culturas.
No encerramento, o Reitor da UEM, Prof. Doutor Manuel Guilherme Júnior, elogiou o debate e anunciou que reflexões semelhantes serão estendidas a outros segmentos da Universidade, reforçando o compromisso com a construção de uma instituição mais ética, moderna e sustentável.