Universidade Eduardo Mondlane

Search
Logo-UEM-A3-01

Comunidade Académica repudia assedio sexual

O assédio sexual não é um simples desvio de conduta individual. É uma prática sistemática que mina, de forma silenciosa, mas devastadora, a essência do ensino universitário e compromete o futuro de milhares de jovens.

O alerta foi lançado, na Quarta-feira (03/09), por Stela Langa, docente de Psicologia na Faculdade de Educação, durante o workshop subordinado ao tema “Eficácia, Desafios e Perspectivas dos Mecanismos de Prevenção e Combate ao Assédio Sexual”, promovido pelo Centro de Coordenação dos Assuntos de Género (CeCAGe).

Segundo Stela Langa, o assédio corrói a motivação, a concentração e a confiança dos estudantes, conduzindo a reprovações sucessivas, abandono escolar e crises de identidade. “O assédio não compromete só o processo educativo, não é apenas a questão de reprovação académica. O projecto de vida do estudante é esperança de famílias que, muitas vezes, se encontram em situação de vulnerabilidade”, advertiu.

A especialista denunciou, ainda, o impacto profundo desta prática, ao relatar que, muitas vítimas, desenvolvem sintomas psíquicos e físicos que raramente encontram resposta nos serviços de saúde.

“O corpo do estudante acaba apresentando sintomas de sofrimento psíquico e, até, doenças não diagnosticadas no hospital, sendo que, somente a vítima, é quem sente a dor’’, acrescentou.

Na ocasião, o Director do Gabinete de Qualidade, Planificação e Estudos Institucionais (GaPQEI), Prof. Doutor Hermínio Muiambo, reforçou que o combate ao assédio é inseparável da missão da Universidade Eduardo Mondlane. “A prevenção e combate ao assédio sexual constituem um desafio sério que compromete a integridade académica, a dignidade humana e a missão da nossa Universidade, como uma instituição comprometida com a produção de conhecimento relevante e com impacto positivo na sociedade”.

Muiambo reconheceu que os desafios persistem, entre eles a resistência cultural, o medo de denunciar, a falta de mecanismos eficazes de responsabilização e de proteção das vítimas. Mas defendeu que a Reforma Institucional em curso é uma oportunidade histórica para mudar a cultura organizacional da UEM, tornando-a mais ética, transparente e justa.

“Um dos pilares da Reforma é a mudança da cultura organizacional, para que nos tornemos mais transparentes, éticos e responsáveis pelos nossos actos. Isto implica o reajuste e revisão de regulamentos, políticas e procedimentos internos, de modo que a prevenção e combate ao assédio sexual não sejam apenas mecanismos reactivos, mas sim parte intrínseca da identidade da UEM”.

A Directora do CeCAGe, Prof.ª Doutora Gracinda Mataveia, concluiu destacando que o workshop teve como objectivo identificar cenários e sintomas do assédio na comunidade académica, criar espaço de debate e partilha de experiências, e analisar a eficácia dos mecanismos de prevenção.