Prof. Doutor Genito Maure defende utilização da inteligência artificial
O investigador da Faculdade de Ciências e especialista em modelagem climática entende que os métodos tradicionais adoptados no país, para a previsão de surtos de doenças sensíveis ao clima baseiam-se frequentemente em dados históricos e são limitados, tendo em conta as interacções complexas entre o clima e a doença.
E porque a previsão de surtos de doenças e a compreensão da relação entre o clima e a transmissão da doença são cruciais para um planeamento eficaz da saúde pública, a solução e a utilização da inteligência artificial.
Para Maure, os modelos estatísticos baseados em inteligência artificial podem integrar e analisar grandes quantidades de dados, incluindo factores climáticos, ambientais e socioeconómicos, para fornecer previsões mais precisas e atempadas dos surtos associados a doenças sensíveis ao clima como a malária, sarampo e cólera. A inteligência artificial pode ajudar a identificar as áreas de alto risco, direccionar intervenções e apoiar a tomada de decisões para os esforços de controlo e erradicação da malária.
O académico fez saber que a carga de doenças em Moçambique é dominada por enfermidades sensíveis ao clima, como a malária, cólera e o sarampo, que afectam desproporcionalmente a população rural, em particular mulheres e crianças. Entretanto, os serviços públicos essenciais, incluindo a saúde, água e saneamento, estão especialmente sobrecarregados nas zonas rurais e ao longo da extensa costa de Moçambique, locais caracterizados pela pobreza generalizada e vulnerabilidade a eventos extremos, tais como ciclones, secas e inundações.
O pesquisador afirma que, devido à vulnerabilidade do país às mudanças climáticas prevê-se que a propagação de doenças seja afectada por mudanças na disponibilidade de água, na produção de alimentos e nos padrões climáticos.
Apontou alguns elementos de vulnerabilidade da saúde ao clima, tais como infraestruturas inadequadas de transportes, energia e saúde, que dificulta a resposta eficaz a emergências e a prestação de serviços essenciais às comunidades; desflorestação, erosão do solo e degradação costeira que agravam os impactos das mudanças climáticas e contribuem para a vulnerabilidade das comunidades; e uma parte significativa da população que depende da agricultura de subsistência que é altamente susceptível à variabilidade e às mudanças climáticas, resultando em insegurança alimentar e instabilidade de rendimentos.