Falta de política de financiamento compromete investigação em África
O académico moçambicano, Professor Doutor Lourenço do Rosário, defendeu que a falta de políticas de financiamento a programas de investigação científica compromete o trabalho da maioria das universidades africanas, sobretudo moçambicanas, no tocante à busca de um conhecimento que seja proveitoso para o desenvolvimento e bem-estar das sociedades.
O académico falava esta Terça-feira, no Campus Principal, durante a palestra de abertura das Jornadas Científicas da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da UEM, intitulada “Desafios da Investigação em Ciências Sociais e Humanas rumo ao Desenvolvimento de Moçambique”.
Lourenço de Rosário lamenta que os programas de mestrado e de doutoramento desenvolvidos nestas instituições de ensino superior dificilmente não sejam monitorados, complicando, assim, a sua transformação em instrumentos úteis para o desenvolvimento das nações. “A história da universidade tem a ver com a busca de conhecimentos para o domínio da ciência e tecnologia, da filosofia e do pensamento, de modo que os grupos que lideram a vida das nações possam, com propriedade, esgrimir os seus argumentos, fazendo-se aceitar como dinamizadores do progresso, sendo, por isso, que Platão defendia que o destino das nações devia estar nas mãos dos sábios”, remata.
A ideia de universidade, argumenta o estudioso, está ligada à universalidade de conhecimento, e, por isso, as instituições de ensino superior não podem ser um espaço de produção de ideologias de dominação ou subordinação entre os grupos. “Muitas vezes, as universidades, sem se aperceberem, não produzem sábios que conduzem as nações, mas sim, induzem a sociedade para o barbário. Normalmente, são as áreas das ciências humanas a serem abatidas por aqueles que detém o poder.”
Para do Rosário uma Faculdade de Letras e Ciências Sociais, como a da UEM, tem a obrigação de produzir linhas de pensamento que arbitrem eventuais choques entre os dois espaços, nomeadamente o do poder e o das comunidades. “Na realidade, as ciências sociais jogam um papel fundamental na dinâmica de construção das nações no mundo global, são elas que criam e desenvolvem ideologias, influenciando as sociedades no processo de tomada de decisões.”
Para consubstanciar esta ideia, o Director da Faculdade de Letras e Ciências Sociais, Prof. Doutor Samuel Quive, sublinha que “as Jornadas Científicas decorrem num momento importante em que a UEM está no processo de transformação em Universidade de Investigação, sendo, por isso, que a Faculdade tem a honra de apresentar os resultados dos trabalhos de extensão universitária e investigação científica, realizados por estudantes, docentes e investigadores.”