Académicos enaltecem a relevância da filosofia na manutenção da paz
Académicos defendem a importância da Filosofia no processo de manutenção e fortalecimento da paz e desenvolvimento sustentável, argumentando que as reflexões filosóficas são de extrema relevância num contexto de conflitos globais e crises climáticas recorrentes, sendo Moçambique um exemplo da devastação causada por estas ameaças.
Esta tese foi defendida, esta quinta-feira, pelos oradores da III Conferência Internacional de Filosofia, uma plataforma de pesquisa da Faculdade de Filosofia da Universidade Eduardo Mondlane, que se realiza bianualmente, a cada dia 25 de Maio, em reconhecimento e homenagem à África e aos ideais que configuraram a união dos seus povos e culturas.
No seu discurso de abertura, o Reitor da UEM, Prof. Doutor Manuel Guilherme Júnior, afirmou que a resposta para as perplexidades de África está nas mãos dos jovens do continente, apelando deste modo uma reflexão crítica sobre os aspectos que comprometem a paz e desenvolvimento continental.
“Por jovem de África, referimo-nos à mulher ou o homem com consciência libertária, cada vez mais radical e fundamentada na visão e nos valores do nosso continente. Por isso, e não obstante a complexa diversidade da missão e valores de África, reconhecemos que o jovem africano procura sempre encontrar uma ideia que o desvia dessa complexidade”.
Sublinhou que a conferência de Filosofia destaca a justiça social, a autonomia política e económica e a sustentabilidade como fundamentos para a reflexão em torno do desenvolvimento.
“É neste contexto que a III Conferência de Filosofia pretende reflectir sobre os fundamentos éticos da governação na implementação das políticas públicas; o impacto tecnocientífico nas questões ambientais; a edificação de uma sociedade de valores no contexto local e global; e as alternativas para alavancar a economia sustentável e a justiça social”.
O Reitor reiterou que é espectativa dos participantes que o evento produza e publique resultados que estejam à disponibilidade de todos os fazedores de políticas sociais, académicos e do público em geral.
“De facto, esta será uma contribuição inequívoca da FAF e da UEM no leque de ideias académicas que podem inspirar e guiar a definição de linhas de desenvolvimento que almejamos. Os resultados dos debates realizados não fiquem, apenas, nas actas da conferência, mas sim, contribuam para o desenvolvimento de políticas públicas para Moçambique e para África”.
Por sua vez, o Prof. Doutor Manuel Macia, orador principal da Conferência, disse que as marcas da luta anticolonial e da escravidão deviam nos dizer algo sobre o desenvolvimento, sendo que este pode ser produto ou razão da paz.
“No segundo momento, tentei mostrar que a dança terminológica e conceptual actual que caracteriza esta invenção do desenvolvimento, provando que alguns autores africanos têm mostrado que o bem-estar prometido aos povos dificilmente irá ocorrer dentro de um quadro e arquitectura económica e geopónica que serve para reproduzir o status quo. Há um ditado que diz, se queres mudar algo não pode continuar a fazer as coisas da mesma maneira”, apelou.
Na mesma senda, o Director da Faculdade de Filosofia, Prof. Doutor José Blaunde, assegurou que a conferência abre espaço para debates sobre temas como ética, governação e políticas públicas, entre outros, constituindo oportunidade para que docentes, investigadores e estudantes nacionais e estrangeiros tornem ao público o resultado das suas pesquisas.
“Contribuindo na produção de conhecimento que se espera para a tomada de decisões governamentais, institucionais e pessoais sobre a paz e desenvolvimento sustentável, com o conhecimento de causa, para criar um mundo mais humano. O problema da paz e desenvolvimento sustentável constitui um facto social que pode ser visto a partir de vários prismas”.
Acrescentou que a conferência olha estes fenómenos numa perspectiva meramente filosófica, argumentado que, para a Faculdade de Filosofia, está claro que viver sem a filosofia é como andar de olhos fechados e nunca ousar em abrir.
A III Conferência Internacional de Filosofia, subordinada ao tema “Filosofia, Paz e Desenvolvimento Sustentável”, marca o início das comemorações do sexagésimo aniversário da criação da União Africana, que se vai assinalar a 25 de Maio, subordinado ao tema: “Juventude de África, a Resposta ao Desenvolvimento de África”.