Preconceitos no ramo de engenharia: Alumni exorta mulheres a abraçarem cursos dos sonhos
A antiga estudante da Faculdade de Engenharia da UEM, Engª. Gisela Nhambi, defendeu que a mulher engenheira moçambicana tem maiores desafios numa área abraçada maioritariamente pelos homens, exortando, desta forma, as mulheres em formação nesta instituição de ensino, a abraçarem, com optimismo, o curso de escolha, reiterando que “vozes desencorajadoras” sempre existirão, não só ao longo da formação, como também no mercado de emprego.
Nhambi é formada em Engenharia Mecânica e, actualmente, coordena a área de Segurança e Higiene Pessoal numa indústria de petróleo e gás. Com maior dedicação, fez a licenciatura em tempo recorde, numa época (em 2006) em que poucas meninas cursavam engenharia, daí que a sua turma só tinha três mulheres.
No âmbito das celebrações do Mês da Mulher, a nossa reportagem decidiu ter dois dedos de conversa com a antiga estudante da UEM, que partilhou as suas experiências de formação e profissão, incentivando, deste modo, as mulheres que cursam engenharia a prosseguirem com as suas escolhas sem receios de críticas ou julgamento social.
Explicou que as opiniões de pessoas mais próximas são pertinentes, mas, no final, deve prevalecer a vontade de prosseguir com a área dos sonhos.
“Os desafios de fazer cursos de engenharia, que a sociedade pré-definiu como áreas para homens, sempre vamos ter. No mercado de emprego, vamos nos deparar com um número reduzido de mulheres a exercerem cargos de gestão na área, por isso, aconselho a seguir com maior dedicação o curso dos sonhos e não olhar para estas dificuldades que sempre existiram e vão continuar a existir por um bom tempo”, apelou.
A alumni revelou que, após a formação em Engenharia Mecânica, decidiu fazer parte de muitos grupos de whatsapp que apoiam, moral e materialmente, mulheres que ainda estão em formação nas áreas de engenharia na UEM e em outras instituições de ensino superior.
“Criamos um grupo de engenheiros, integrando, para além de ex-estudantes de mecânica, outras áreas e, desde ano passado, criamos um grupo de Amigos de Departamento de Engenharia Mecânica, isto porque sentimos a necessidade de apoiar mulheres, em particular e novos-ingressos em geral, transmitido a experiência de como ultrapassamos certas barreiras, fornecendo informações sobre novas oportunidades de emprego e ajudamos igualmente a faculdade a suprir certas necessidades”, destacou.
Afirmou que, recentemente, criaram outro grupo de Whatsapp que integra mulheres engenheiras de diferentes instituições de ensino e de várias gerações, que tem demostrado bons resultados em termos de apoio em oportunidades de emprego.
“Lá há pessoas que ocupam posições e que partilham as oportunidades de emprego. Felizmente, temos um número significativo de engenheiras que conseguem trabalho graças a estas vagas difundidas no grupo”.
Acrescentou que foi sempre um desafio estudar em um ambiente de maioritariamente homens e, para cursos que pensam que são somente para homens, há sempre desafios, desde o primeiro até o último ano de formação.
“A capacidade com que enfrentava os desafios ia melhorando à medida que o tempo passava. No final, dei-me por satisfeita pelo curso e pelo que tinha feito”.
Depois de licenciatura, engrenou no mercado, tendo abraçado, por um período de seis meses, a área de Engenharia de Qualidade numa instituição bancária. “Nessa altura, a indústria de petróleo e gás estava a entrar em Moçambique e, neste contexto, surgiu oportunidade de fazer uma especialização, um mestrado especial na área de perfuração e negócios”, revelou.