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50 Anos de Independência: Faculdade de Economia da UEM vista como pilar na construção do Estado

Logo após a independência nacional, num contexto marcado pela escassez de quadros qualificados, limitações de recursos, descontinuidade institucional e enormes desafios na reconstrução nacional, a Faculdade de Economia da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) ergueu-se como um dos principais pilares da construção do Estado e na definição do novo paradigma do ensino superior moçambicano.
A afirmação foi feita, nesta Quinta-feira (30/10), pelo Secretário de Estado da Ciência e Ensino Superior, Doutor Edson Macuácua, durante o Simpósio “50 Anos da Independência de Moçambique: A Contribuição da Faculdade de Economia da UEM para o Pensamento Economico Nacional, Desafios e Perspectivas”.O dirigente destacou que, com coragem, visão e espírito patriótico, os pioneiros desta instituição de ensino superior organizaram os primeiros currículos, os planos de formação do corpo docente e lançaram as bases para a produção do saber económico nacional, que viria a orientar a formulação das políticas públicas, o planeamento central e, mais tarde, a transição para a economia de mercado.
“A Faculdade soube reinventar-se ao longo dos 50 anos: das aulas ministradas em condições precárias nos primeiros anos de independência, às actuais salas e laboratórios modernos, programas de pós-graduação e investigação aplicada, que fazem dela uma referência nacional e regional”, disse.
Sublinhou ainda que a Faculdade de Economia ultrapassou a fase de consolidação e, hoje, afirmar-se como centro de excelência académica e científica no domínio do ensino, investigação, inovação e extensão.
Macuácua reiterou que a produção científica desta instituição tem contribuído decisivamente para o debate sobre políticas económicas, reforma do Estado, industrialização, integração regional, governação económica e redução da pobreza, demonstrando a relevância da ciência económica no desenvolvimento nacional.
“A Faculdade foi mais do que uma escola: foi um espaço de construção do pensamento crítico e de formulação de políticas públicas”, destacou.
Advertiu que, apesar dos avanços, persistem alguns desafios, com destaque para a digitalização, globalização assimétrica, mudanças climáticas e novas dinâmicas geopolíticas, que exigem adaptação curricular, inovação científica e uma maior ligação entre a universidade, o Estado e o sector produtivo.
“É imperativo que o ensino superior continue a formar economistas capazes de pensar estrategicamente, inovar e propor soluções sustentáveis para os problemas nacionais e regionais”, exortou.
Por seu turno, o Vice-Reitor para Administração e Recursos da UEM, Prof. Doutor Mohsin Sidat, afirmou que, num país caracterizado por dificuldades da guerra dos 16 anos e da reconstrução nacional, a Faculdade soube responder ao imperativo de formar economistas, planificadores e gestores comprometidos com o desenvolvimento.
“As dificuldades dos primeiros anos após a independência, marcadas pela escassez de recursos, pelo êxodo de técnicos estrangeiros e pela urgência da reconstrução, não impediram que a Faculdade lançasse as bases de uma educação económica nacional”, salientou.
Acrescentou que, hoje, a Faculdade conta com cerca de 2500 estudantes, 130 docentes (entre tempo inteiro e parcial), em cursos de licenciatura, mestrado e doutoramento, reconhecidos nacional e internacionalmente.
“A sua contribuição vai muito além da sala de aula: manifesta-se na produção científica, na assessoria às políticas públicas, na cooperação com parceiros nacionais e internacionais e na formação de quadros que, em diversos níveis, moldaram o pensamento económico moçambicano”, acrescentou.
Na qualidade de testemunha, a Mestre Luísa Diogo, antiga Primeira-Ministra, revelou que fez parte de um grupo de estudantes da Faculdade de Economia da UEM que assumiu várias missões importantes no Governo, logo após a independência. “Participamos e encorajamos, mas não podemos dizer que somos agentes activos no processo”, referiu, destacando o espírito de abertura intelectual que caracterizava a Faculdade.
“De 1975 a 1986, lançaram-se as bases fundamentais para sairmos de uma economia centralmente planificada. Marcou-me esta coragem rápida de pensamento, que criou a base produtiva para Moçambique ser o que é agora”.
No mesmo contexto, o Mestre Joaquim de Carvalho, antigo Ministro da Agricultura e do Comércio Externo, falou dos desafios actuais do país, apontando a existência de instituições extractivas que procuram satisfazer interesses de um grupo de pessoas e não da colectividade.
“Deve haver muita disciplina, sacrifício e trabalho porque não será com discursos que iremos resolver este problema de corrupção”.
O simpósio, que reuniu académicos, decisores políticos, empresários e estudantes, serviu de um espaço privilegiado para uma reflexão sobre o passado, compreender o presente e projectar o futuro da economia nacional e da própria Universidade Eduardo Mondlane.